Quebrou ossos na infância? Chance disso se repetir aumenta quando adulto
Quebrar um osso na infância não é apenas um rito das crianças, pode ser um sinal de alerta de risco futuro de fratura e osteoporose
Em um projeto longitudinal que se estende por cinco décadas, pesquisadores da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, descobriram que quebrar ossos na infância mais do que dobra as chances de isso acontecer novamente na idade adulta. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Springer Link.
Meredith-Jones Kim, autora do estudo, argumenta que as fraturas na infância não são apenas um rito de passagem de crianças; elas podem ser um sinal de alerta de risco de osteoporose e ossos mais frágeis na vida adulta.
A equipe de pesquisa analisou o histórico de fraturas em um grupo de pessoas de meia idade (45 anos). Descobriram que pessoas que quebraram um osso mais de uma vez na infância tinham mais do que o dobro de chances de quebrar um osso quando adultas. Nas mulheres, isso também resultou em menor densidade óssea no quadril na meia-idade.
Para que fosse possível investigar o risco de fratura e osteoporose, as pessoas no estudo são jovens. No entanto, se mudanças no estilo de vida para melhorar a densidade óssea puderem ser implementadas mais cedo na vida, elas podem ter maior impacto na saúde e na redução do risco de doenças, dizem os pesquisadores.
Risco de osteoporose
A osteoporose tende a afetar adultos após a meia-idade. Como explicaram os cientistas, cerca de uma em cada duas crianças quebra um osso durante a infância, com quase um quarto dos meninos e 15% das meninas sofrendo fraturas múltiplas.
Contudo, ainda não é possível entender por que algumas crianças quebram ossos repetidamente ou se isso prediz a saúde óssea do adulto.
Existem várias razões pelas quais as crianças fraturam um osso. Pesquisas anteriores mostraram que crianças com risco de fraturas tendem a viver em casas mais pobres, ter altos níveis de exercícios vigorosos, estar acima do peso ou ter alto índice de massa corporal, além de insuficiência de vitamina D e baixa ingestão de cálcio.
As pessoas estudadas foram cerca de 1.000 bebês nascidos em Ōtepoti Dunedin, na Nova Zelândia, entre abril de 1972 e março de 1973. Os membros do estudo foram avaliados repetidamente a cada poucos anos desde então, em uma ampla gama de tópicos. Estes incluiram comportamentos de risco, participação em esportes, abuso físico, privação de crianças e adultos, foram analisados.
Os resultados mostraram que tanto os meninos quanto as meninas que sofreram mais de uma fratura quando crianças tinham duas vezes mais chances de fraturar quando adultos. Além disso, aqueles que não tiveram fraturas na infância tendem a permanecer assim na idade adulta.
"Esperamos continuar investigando a relação entre fraturas na infância e a saúde óssea adulta nessa população muito especial de pessoas à medida que envelhecem, para descobrir se essas ligações persistem após a menopausa em mulheres ou afetam o risco ao longo da vida em homens", disse Kim.