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Queda de emissões na pandemia causaram mais aquecimento global temporariamente

Redução de emissões durante pandemia de COVID-19 mostrou que, com certos poluentes saindo da atmosfera, a temperatura global sobe ligeiramente antes de cair

2 jun 2023 - 12h31
(atualizado às 15h43)
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O lockdown imposto pela pandemia de COVID-19 proporcionou um período em que a emissão de poluentes e gases de efeito estufa foi significativamente menor. O que pode parecer estranho, porém, é que cientistas do sudeste asiático detectaram um aquecimento global maior como consequência — o que não significa que as emissões sejam toleráveis.

Foto: Tanay barisha/Wikimedia Commons / Canaltech

Alguns poluentes atmosféricos, como óxidos de nitrogênio e enxofre, são conhecidos por formar partículas no ar, os chamados aerossóis. Pelo seu tamanho, esse material é capaz de refletir uma pequena parcela de radiação solar — o que acaba reduzindo o aquecimento global que percebemos. Isso não significa, porém, que essas partículas são nossas aliadas, já que algumas dessas substâncias têm efeitos negativos para a saúde humana e, tratando-se do clima, elas "mascaram" a situação real das mudanças climáticas.

Contudo, o tempo de vida destes poluentes na atmosfera é muito menor do que o de gases como o dióxido de carbono e o metano, os dois maiores contribuintes para o aquecimento global. O tempo que as pessoas permaneceram em casa na pandemia foi, portanto, suficiente para que as concentrações dos aerossóis diminuíssem, mas não tanto as de gás carbônico e metano — o resultado: a máscara caiu e a temperatura aumentou.

Aprendendo com a pandemia

Um estudo de pesquisadores baseados nas ilhas Maldivas, próximas à costa da Índia, foi capaz de demonstrar esse efeito, que já era esperado por cientistas, mas que não era viável de ser demonstrado experimentalmente. A pandemia de COVID-19 fez do mundo um laboratório natural para os cientistas climáticos analisarem a questão, e a estação de pesquisa de Hanimaadhoo — que captura as intensas emissões da Índia, Paquistão e Bangladesh — permitiu ver o fenômeno com clareza.

De acordo com os cálculos, houve um acréscimo de 7% na radiação solar recebida sem a camuflagem oferecida pelos aerossóis. A descoberta — e sua divulgação — é importante pois, em um cenário em que os países comecem a tomar medidas severas para cortar suas emissões de gases estufas, um primeiro aumento na temperatura global já é esperado. A desinformação, neste caso, poderia fazer com que pessoas questionassem a efetividade das ações tomadas.

Örjan Gustafsson, pesquisador da Universidade de Estocolmo e um dos autores do estudo, reforça este alerta. "A redução de emissões pode levar a um aumento líquido no aquecimento por conta do efeito de 'mascaramento' das partículas no ar antes que a redução de temperatura passe a dominar. Apesar disso, nós precisamos urgentemente de uma redução poderosa nas emissões," conclui o cientista.

Fonte: npj Climate and Atmospheric Science via: Stockholm University

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