Quem é o secretário da educação de SP que quer trocar livros físicos por digitais
Secretaria de Educação de SP também irá produzir todo o material didático e não participará do Programa Nacional do Livro Didático
O secretário de educação de São Paulo, Renato Feder, afirmou que o estado abrirá mão da verba do governo federal para material didático nas escolas e apostará em livros digitais para estudantes a partir do 5º ano. A decisão gerou polêmica, e Feder rebateu as críticas de educadores.
Além da implementação de livros digitais, a secretaria de Educação de SP também irá produzir todo o material didático e não pretende participar do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que compra livros para as escolas com verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Ministério da Educação (MEC).
Perfis nas redes sociais criticaram a decisão e lembraram que Feder é ex-CEO e sócio da Multilaser, uma das maiores empresas de tecnologia do país — o que poderia sinalizar conflito de interesses.
Curiosidade: o Secretário de Educação (Renato Feder) do governo de São Paulo, que decidiu usar apenas material didático digital a partir do 6° ano, era CEO de empresa de tecnologia (Multilaser) com contrato milionário com o Palácio dos Bandeirantes 🧐 pic.twitter.com/sYEKbOQAqu
— Jeff Nascimento (@jnascim) August 1, 2023
O dono da Multilaser destruiu o ensino público no Paraná e agora fará o mesmo em São Paulo.
O dono de uma empresa de tecnologia é obcecado por implantar tecnologia nas escolas a qualquer custo.
Feder é mais um liberalzinho mequetrefe que emergiu com o bolsonarismo. https://t.co/ybd7snMuLC pic.twitter.com/S3RXopztGj
— JornalismoWando (@JornalismoWando) August 2, 2023
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o secretário criticou a qualidade dos livros didáticos escolhidos pelo PNLD, mas negou que o objetivo da decisão seja de um controle ideológico.
À Folha, Feder afirmou que a padronização dos livros didáticos e o controle deles pelo governo "são essenciais para a melhoria do aprendizado", pois, segundo ele, facilitam a formação dos professores e a aplicação da Prova Paulista, que é digital e igual para todas as escolas.
A Secretaria de Educação afirmou ao jornal que utilizará apenas conteúdo produzido pelo próprio governo paulista para manter "a coerência pedagógica".
Quem é Renato Feder
O secretário de educação do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi secretário da educação do Paraná nos últimos quatro anos.
Renato Feder é paulistano, mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Como professor, ele atuou 10 anos nas salas de aula e na gestão de escolas de Educação Básica e também da Educação de Jovens e Adultos (EJA). No ensino superior, lecionou economia na Universidade Mackenzie.
Entre 2017 e 2018 atuou na Seduc-SP, quando foi assessor especial da pasta durante o governo de João Dória.
Feder chegou a ser cotado para chefiar o MEC após a saída de Abraham Weintraub no governo de Jair Bolsonaro. Mas, a proximidade com Dória fez o então presidente Bolsonaro desistir da indicação.
Antes de assumir a secretaria no Paraná, em 2019, foi CEO da Multilaser, empresa de tecnologia da qual ainda é sócio.
Iniciativa privada na educação estadual
Durante sua gestão na Educação do Paraná, Feder lançou um programa que prevê entregar a administração de 27 escolas públicas para a iniciativa privada do setor educacional.
Parceiros da Escola é um projeto-piloto em que a empresa contratada é responsável pela gestão administrativa da escola, incluindo os recursos materiais, como a infraestrutura.
O Parceiro da Escola é realizado por meio de credenciamento de empresas do ramo de gestão educacional, utilizando um contrato padronizado, o que dispensa a necessidade de licitação.
Essa modalidade, conforme informado pelo Paranaeducação (Preduc), permite a participação de várias empresas no projeto, o que é vantajoso para a administração.
"O objetivo do projeto é garantir a prestação de serviços públicos educacionais com mais eficiência... Dessa forma, os diretores das instituições podem se concentrar mais na área da educação, enquanto a área de gerenciamento fica sob a responsabilidade das empresas parceiras", diz o governo do Paraná em seu site oficial.