Raios são formados de baixo para cima ou de cima para baixo? Veja o que diz a ciência
Dos dois jeitos: De acordo com cientistas brasileiros, os raios ascendentes existem e são formados na sequência de um raio descendente
Não é ilusão de ótica. Em uma tempestade, os raios podem tanto cair na terra quanto subir aos céus. Pesquisadores do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) observaram a formação de raios que partem de estruturas altas — como torres e para-raios — até as nuvens.
O estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e publicado na revista Scientific Reports, utilizou câmeras fotográficas e filmadoras de ultra-alta velocidade — com poder de captura de até 100 mil quadros por segundo — para observar o fenômeno.
Como o estudo foi conduzido
Foram observados 110 raios ascendentes (que sobem às nuvens) no Pico do Jaraguá, em São Paulo, e em Dakota do Sul, nos Estados Unidos, entre 2011 e 2016. O Pico do Jaraguá é o segundo lugar com o maior número de registros de raios ascendentes no mundo — cerca de 30 a 40 por ano. Ficando atrás somente dos Alpes Suíços.
As câmeras de alta velocidade conseguiram captar o fenômeno imperceptível aos olhos humanos para ser analisado. A diferença de tempo entre a queda de um raio e a sua “volta” às nuvens é de centenas de milissegundos.
Além das câmeras, os cientistas utilizaram medidores de campo elétrico e de luminosidade. Com eles, foi possível constatar que os raios descendentes são positivos e deixam uma carga negativa nas nuvens, gerando o efeito do raio ascendente.
O fenômeno cientificamente explicado
Em uma tempestade, a presença de partículas carregadas se acumulam em estruturas altas. A formação de raios ascendentes começa com a ionização do ar próximo a essas superfícies. Em seguida, as partículas ionizadas começam a subir em direção às nuvens, atraindo partículas com cargas opostas.
Conforme as partículas se aproximam das nuvens, a força elétrica entre elas se intensifica, criando uma carga elétrica que se acumula até que ocorra a descarga, resultando em um raio ascendente.
De acordo com os pesquisadores, os raios descendentes são muito mais comuns do que os ascendentes e têm a mesma intensidade. Mas pode ficar tranquilo que um raio ascendente costuma surgir em estruturas com mais de 70 metros de altura, sem riscos de nos atingir.