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Raiva em capivaras: estudo identifica causa e riscos de casos registrados no litoral de SP

Pesquisa revelou que a transmissão da raiva ocorreu por meio de mordeduras de morcegos

7 nov 2024 - 15h34
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Casos de raiva em capivaras na Ilha Anchieta levantam alerta sobre impactos ambientais
Casos de raiva em capivaras na Ilha Anchieta levantam alerta sobre impactos ambientais
Foto: Imagem de ericeven1 por Pixabay / Flipar

Três capivaras foram encontradas mortas na Ilha Anchieta, em Ubatuba (SP), entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020. Duas delas apresentaram paralisia das patas traseiras antes de morrerem, e análises posteriores revelaram que a causa da morte foi encefalite provocada pelo vírus da raiva, informou artigo da agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O estudo, publicado na Veterinary Research Communications, foi realizado com o apoio da Fapesp e identificou uma variante do vírus, a mesma que é comumente encontrada em morcegos-vampiros (Desmodus rotundus).

Esse é o segundo registro de raiva em capivaras no Brasil, sendo o primeiro caso documentado em 1985. Mundialmente, esse é apenas o terceiro episódio desse tipo, com um caso anterior relatado na Argentina em 2009. A pesquisa revelou que a transmissão da raiva ocorreu por meio de mordeduras de morcegos, com o vírus identificado na mesma variante observada nesses animais.

De acordo com Enio Mori, pesquisador do Instituto Pasteur e coordenador do estudo, o aumento do número de casos de raiva em animais silvestres está relacionado a distúrbios ambientais que afetam os ecossistemas, incluindo o estresse nas colônias de morcegos, que aumentam as chances de transmissão do vírus.

Mori também aponta que o desmatamento contribui para esse fenômeno, pois reduz o número de animais silvestres que servem de alimento para os morcegos, levando-os a buscar novas fontes, como animais domésticos e até humanos.

A ocorrência de raiva na Ilha Anchieta se deu pouco depois de uma reforma nas ruínas da ilha, em 2019, o que resultou na perda temporária dos abrigos dos morcegos. Esse evento causou grande estresse nas colônias, intensificando as brigas entre os morcegos e, consequentemente, aumentando a probabilidade de transmissão da doença para os animais silvestres, como as capivaras.

As capivaras mortas foram encontradas por funcionários da Fundação Florestal, responsável pela administração do Parque Estadual da Ilha Anchieta, e tiveram seus cérebros enviados ao Instituto Pasteur para análise. O estudo confirmou a presença do vírus da raiva em todas as amostras, com uma das amostras não permitindo a análise do genoma devido à deterioração.

Riscos para humanos

Embora não haja registros de transmissão da raiva para seres humanos por capivaras, acidentes envolvendo mordidas desses animais podem causar lesões graves.

Ainda não se sabe se a saliva das capivaras pode transmitir o vírus, como ocorre com os morcegos. Com isso, a vigilância epidemiológica continua sendo essencial para entender o papel das capivaras no ciclo do vírus, um aspecto que ainda precisa ser mais investigado.

 “Por isso, a vigilância epidemiológica precisa continuar para entender o papel das capivaras no ciclo do vírus, por exemplo. É bem possível que elas sejam hospedeiros finais, que morrem sem transmitir o vírus para outros animais. Mas, para confirmar isso, precisamos de novos estudos”, ressalta o pesquisador.

Fonte: Redação Byte
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