Reconhecimento facial apresenta falhas na identificação de pessoas trans
Segundo especialistas, a biometria do rosto apresenta precisão maior que 95%, mas, esta precisão cai para menos de 60% em transgêneros
O reconhecimento facial — amplamente utilizado por aplicativos de banco para acesso à plataforma — apresenta falhas no reconhecimento de gênero de pessoas trans.
Segundo especialistas, a biometria do rosto apresenta precisão maior que 95%, entretanto, esta precisão cai para menos de 60% em transgêneros, segundo dados publicados em reportagem da Folha, baseados em estudos elaborados em universidades dos EUA.
Para a identificação facial, os sistemas observam características como a distância entre os olhos, a distância entre a testa e o queixo, o formato da maçã do rosto e o contorno dos lábios, orelhas e queixos. Tais características podem apresentar falhas na identificação de gêneros.
O projeto "Eu Existo!!" foi criado com o intuito de monitorar e acompanhar a garantia do direito a alteração do registro civil de pessoas trans. Segundo o grupo, relatos sobre a dificuldade em acessar o reconhecimento facial de algumas plataformas são recebidos constantemente.
O projeto colhe imagens de pessoas transgênero para treinar um modelo de inteligência artificial e melhorar a precisão do próprio recurso de reconhecimento facial. As fotos coletadas são usadas para treinar o modelo de inteligência artificial e depois apagadas.
Na reportagem, a Folha cita o exemplo do estudante Ariel Viktor Freitas, que relatou nas redes sociais ter tido problemas para acessar sua conta no Nubank após um ano e meio de tratamento hormonal.
"Estou tendo problemas porque minha cara mudou", escreveu Ariel no X (antigo Twitter).
À Folha o Nubank diz que, caso haja algum desafio de identificação de legitimidade, conta com procedimentos internos "em constante aprimoramento", que mesclam tecnologia e trabalho humano com equipes treinadas, para confirmar que a solicitação é legítima e evitar contratempos para o cliente.
O uso de reconhecimento facial e suas possíveis falhas ainda não estão regulamentados no Brasil, mas, podem ser inseridos no marco regulatório da inteligência artificial, atualmente em tramitação no Senado.