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Reféns do TikTok: cantores relatam pressão de gravadoras para viralizar na plataforma

Artistas contam como as dancinhas virais têm sido indicadores de sucesso para gravadoras e produtores investirem em músicas

19 jul 2022 - 05h00
(atualizado às 11h32)
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Anitta, Yasmin Santos e Matheuzinho
Anitta, Yasmin Santos e Matheuzinho
Foto: Reprodução Instagram

É difícil demarcar quando o TikTok passou a ser referência do potencial de sucesso de produtos artísticos, mas, desde quando estourou para o grande público no Brasil, durante a pandemia, é comum que as músicas viralizem na plataforma antes de irem para o topo das paradas musicais. A banda Jovem Dionísio e o single 'Acorda, Pedrinho' são um exemplo disso.

Em entrevista ao Terra, o grupo contou que compôs o single em 2018. Mas foi apenas em maio de 2022 que a música gerou engajamento e uma agenda lotada de shows e publicidade, após viralizar no TikTok.

O alcance da plataforma, no entanto, é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, leva a arte para milhões de pessoas, por outro condiciona as carreiras à repercussão na mídia social. 

Grandes nomes da música têm reclamado da pressão das gravadoras para produzir dancinhas que viralizem as músicas. AnittaAdeleEd Sheeran, Halsey, Izzy La Reina e Manu Gavassi são alguns que já se posicionaram publicamente contra essa onda. O argumento é que o processo criativo não pode ser submetido a esse tipo de interferência. 

O sertanejo Zé Felipe, que investe na plataforma e colhe os frutos das dancinhas virais, definiu como "burrice" remar contra essa maré. Entre os sucessos do cantor estão 'Bandido', 'Toma Toma Vapo Vapo' e 'Malvada'. 

Yasmin Santos, cantora e compositora
Yasmin Santos, cantora e compositora
Foto: Instagram reprodução / @yasminsantosoficial

A também sertaneja Yasmin Santos relatou ao Terra que existe o que chamou de "incentivo" da gravadora, a Sony Music, para fortalecer seu conteúdo no TikTok. Ela, que se considera "sem molejo", tem pouca presença na plataforma, mas reconhece o potencial de interferência nos números. 

"A plataforma tem mudado a vida das pessoas", avalia. 

Viral e sem legado

Reféns do sucesso, artistas do mundo inteiro, independentemente de intimidade ou não com o TikTok, têm convivido com a influência das empresas nos samples e estratégias, além da cobrança para fazer dancinhas. A própria Anitta revelou em seu perfil no Twitter que precisou insistir muito para que 'Envolver', música recordista de streams, fosse trabalhada como single.

Anitta
Anitta
Foto: Reprodução Instagram

"A gravadora hoje em dia se liga muito no TikTok. Se não tem um sucesso logo de cara, eles dão tchau e fod*-se. É que nem 'Envolver'. Eu só gravei por pura insistência e só foi viralizar depois. É difícil você convencer as pessoas a continuarem o trabalho divulgando, mesmo que não seja sucesso instantâneo", reclamou a cantora, sugerindo que músicas sem potencial viral não têm espaço no mercado fonográfico.

O cantor Matheuzinho, ex-affair de Marília Mendonça e que trabalhou seu último single 'Lapadona' com a GR6 Explode, não esconde a cobrança nos bastidores para ter presença ativa no TikTok. A culpa pela ausência na plataforma, inclusive, é algo que habita a consciência do músico. 

"Preciso me dedicar mais, mas, sim, quando gravamos os clipes, a gente já prepara três ou quatro dancinhas para divulgar lá [no TikTok]. Eles são meio rígidos, mas tenho que obedecer, tanto para meu bem, quanto para o bem da música. Às vezes, eu fico muito tempo sem postar e eles chamam atenção: 'Matheuzinho, faz um vídeo assim'", relata.

Matheuzinho, cantor e compositor
Matheuzinho, cantor e compositor
Foto: Instagram / @matheuzinho_

Dynho Alves, que já trabalhou com KondZilla e GR6 Explode, entre outras produtoras, encara o planejamento estratégico para bombar no TikTok de maneira bem tranquila e profissional. Para ele, independentemente de gostar ou não, o preparo de conteúdos que conversem com a plataforma se tornou uma obrigação do artista atual.

"Não chamo de pressão. Faz parte do trabalho. A produtora só dá o apoio", opina.

A reportagem do Terra procurou a assessoria da Sony Music, a GR6 Explode e Warner Music para ouvir o lado das empresas a respeito do assunto. Todavia, até a publicação da reportagem não houve resposta. O espaço segue aberto para posicionamentos.

*Com edição de Estela Marques.

Fonte: Redação Terra
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