Relatório aponta falta e má distribuição de vacinas de covid no Brasil
Pesquisadores listaram ainda recomendações para evitar que os erros negligências sejam cometidos futuramente
A pandemia da covid-19, iniciada no Brasil em 2020, mostrou as desigualdades regionais no país no que diz respeito ao acesso à vacinação, segundo um levantamento da Oxfam divulgado na terça-feira (23).
O relatório, lançado durante o 13º Congresso de Saúde Coletiva em Salvador neste mês, analisou a gestão sanitária e estratégica do governo federal durante a pandemia.
Segundo o documento, apesar de ter o segundo maior número de casos da doença nas Américas, o país é o 15º em cobertura vacinal primária, superado por Cuba, Porto Rico, Chile, Peru, Argentina e outros.
Ainda de acordo com os dados, São Paulo, estado mais rico do Brasil, foi o único a atingir a meta de 90% a imunização completa estabelecida pelo Ministério da Saúde. Em Roraima, por exemplo, a média da cobertura vacinal foi de 57,5%.
Entre os municípios, apenas 16% chegaram a mais de 80% – a maioria deles no Sul do país – e cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tiveram as menores taxas de vacinação no Brasil.
Atuação do governo federal
O relatório se baseou em dados e entrevistas com técnicos em saúde, como membros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Movimento Unidos pela Vacina.
Os pesquisadores disseram que faltou coordenação por parte do governo federal na atuação ao combate ao vírus.
“A atuação negligente e desordenada do governo federal, a ausência de campanhas públicas informativas, a gestão inadequada e falta de estratégia nacional entre a União e os estados estão entre os principais fatores que impediram o país de atingir a meta vacinal”, escreveram.
Ações para evitar desigualdades no futuro
O documento ainda analisa diferentes cenários e lista recomendações para que, em futuras epidemias e pandemias, o país esteja preparado para distribuir os imunizantes de forma igual. São elas:
- Avaliar e revisar o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19 (PNO) sob a perspectiva das desigualdades de renda, raça/cor e gênero;
- Retomar a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, adotando estratégias de encorajamento e regulatórias para ampliação de sua efetividade;
- Organizar campanhas nacionais de comunicação em saúde para vacinação, com ações pró-vacina, em parceria com organizações, grupos e coletivos negros;
- Fomentar pesquisas que promovam estratégias metodológicas em saúde coletiva para levar em conta o racismo estrutural e outras dimensões da desigualdade.