Ressaca faz água invadir calçadão de cidades litorâneas; entenda o fenômeno
A Marinha do Brasil emitiu um alerta de ressaca para o litoral de algumas regiões na segunda-feira (12)
As cidades litorâneas de alguns estados brasileiros, como Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, registraram fortes ressacas no mar nesta semana. Na orla do Rio, as ondas invadiram as calçadas e avenidas e um homem morreu afogado após ser atingido por uma onda no Leme.
Na a terça-feira (13), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), já havia alertado a população para que evitasse a orla do Leblon. Paes destacou que equipes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) realizavam a limpeza na Avenida Delfim Moreira, na orla do Leblon, e havia interdições no local.
A Marinha do Brasil emitiu um alerta de ressaca para o litoral de algumas regiões na segunda-feira (12).
Em Santos, no litoral de São Paulo, a Sala de Situação dos Recursos Hídricos do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (CBH-BS) informou que a região poderia sofrer alagamentos e danos estruturais costeiros.
Ciclone extra-tropical
Um ciclone extratropical que se formou neste domingo (11) provocou uma forte agitação marítima na costa do Sul e do Sudeste do país. Com isso, a Marinha do Brasil emitiu um alerta para mar agitado e ressaca.
O aviso de ressaca entre cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina alertou para ondas de 2,5 a 4,0 metros de altura até esta quarta-feira (14), segundo o Climatempo.
"A agitação marítima, também, aumenta, com aviso válido até a quinta, de Arraial do Cabo–RJ a São Mateus–ES com a mesma altura de ondas".
Mas, afinal, o que causa ressacas tão violentas no mar?
Primeiramente, é preciso entender que a ressaca marítima ocorre pela elevação do nível do mar. E, alguns fatores contribuem para isso, desde a instabilidade do clima até fenômenos astronômicos.
A passagem de uma frente fria ou ciclone movimentam as marés, seja com os ventos ou as temperaturas, deixando-as mais "agressivas", o que causa eventos como os ocorridos nesta semana no litoral brasileiro, onde as ondas invadiram o calçadão e causaram destruição de estruturas.
A baixa pressão atmosférica destes ciclones forçam a concentração da massa de água e o empilhamento da água numa região, gerando então o conjunto de grandes ondas.
Influência da Lua
Além do clima, as marés alta e baixa estão ligadas à força de gravitacional da Lua e da Terra, conforme explicou ao Terra o professor de Oceanografia Física da Fundação Universidade de Rio Grande (FURG) Osmar Möller Júnior.
"A Lua atrai os corpos em sua direção - todos os corpos, mas como as águas dos oceanos fluem mais livremente, a mudança é mais visível. Quando a Lua e a Terra estão alinhadas, a Lua exerce atração, no ponto mais próximo, sobre a água do mar".
Em um determinado momento, quando se estiver "embaixo" da Lua, haverá maré alta. Cerca de seis horas mais tarde, a rotação da Terra terá levado esse ponto a 90° da Lua, e ele terá maré baixa. Dali a mais seis horas e doze minutos, o mesmo ponto estará a 180° da Lua, e terá maré alta novamente.
"Como a Terra segue girando, a rotação faz com que um mesmo ponto passe pela maré alta e pela baixa, em ciclos de 12 horas e 25 minutos, aproximadamente", diz Möller.
A força gravitacional do Sol também interfere nas marés, apesar de ser com menor intensidade.
Quando a Lua está cheia ou nova, essa força está na mesma direção da atração lunar - isso torna as marés mais altas. Do mesmo jeito, nas fases minguante e crescente, parte da força gravitacional da Lua é anulada; assim, as marés baixas são menos baixas.