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Robôs buscam munições da Segunda Guerra no fundo mar

O governo alemão está encabeçando um projeto de limpeza dos mares europeus de balas e bombas não detonadas que intoxicam vida marinha há décadas

28 jun 2024 - 00h18
(atualizado às 02h57)
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Uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha está limpando as profundezas do mar de munições e explosivos da Segunda Guerra Mundial com robôs pilotados remotamente. No Mar do Norte e no Mar Báltico, que banham a costa do país, há mais de 1,6 milhão de toneladas de armamento não explodido, e nenhum esforço não comercial havia sido feito para limpá-lo até agora.

Foto: SeaTerra / Canaltech

O projeto utiliza diversos tipos de ROV (veículo operado remotamente), desde escaneadores de superfície, para filmar e identificar munições, a rastreadores de mar profundo, que utilizam lagartas para se mover nas profundezas e recolher o material. Garras acopladas a robôs e a navios também são usadas para coletar munições perigosas, que precisam de cautela e pouca pressão para o transporte.

Diversas empresas participam do esforço, como a SeaTerra, uma das responsáveis pelo piloto do projeto na Baía de Lübeck, no norte da Alemanha, costa do Mar Báltico.

No local, há poucas das cerca de 400 pilhas de munição, mas o trabalho de recolhê-las ajudará os cientistas a descobrir maneiras melhores de automatizar e acelerar o processo, já que, com os métodos atuais, limpar o mar demoraria 150 anos — o que pode diminuir para 30.

O perigo das bombas no fundo do mar

Um dos ROVs da SeaTerra, responsável por vasculhar o fundo do mar e recolher munições, como este morteiro da imagem (Imagem: SeaTerra)
Um dos ROVs da SeaTerra, responsável por vasculhar o fundo do mar e recolher munições, como este morteiro da imagem (Imagem: SeaTerra)
Foto: Canaltech

A esmagadora maioria das munições que poluem os mares europeus são da Segunda Guerra Mundial, em geral vindas do desarmamento da Alemanha após o conflito. Os vencedores Aliados confiscaram os armamentos convencionais e químicos do país e os atiraram ao mar. Dentre eles, estão granadas, bombas, balas e outras munições.

Além disso, há vários resquícios de treinamentos militares e restos de conflitos não catalogados, o que dificulta saber onde cada munição está — pesquisadores vasculham registros históricos para tentar localizá-las, mas, muitas vezes, isso não é o suficiente.

Levantamento da localização de munições na costa da Europa, tanto comuns quanto químicas (Imagem: Atlas Europeu dos Mares/EMODnet)
Levantamento da localização de munições na costa da Europa, tanto comuns quanto químicas (Imagem: Atlas Europeu dos Mares/EMODnet)
Foto: Canaltech

Nas últimas décadas, alguns esforços de limpeza foram feitos, mas pouco foi efetivamente limpo, pois o esforço vinha de projetos de construção de usinas de energia eólica fora da costa, instalação de cabos submarinos ou expansão de portos. Com isso, são buscadas as áreas mais limpas, com pouco a ser retirado, evitando as muito poluídas — e deixando o mar cheio de munições.

Além do risco de explosão, as munições vão corroendo ao longo do tempo, liberando substâncias tóxicas e especialmente carcinogênicas, ou seja, que podem causar câncer.

Restos de tais substâncias já foram identificados em peixes e mexilhões, animais que chegam à mesa e podem contaminar humanos. É preciso recolher os restos enquanto estão intactos o suficiente para serem recolhidos, segundo os responsáveis.

Minas recolhidas e examinadas por especialistas da SeaTerra antes de serem queimadas (Imagem: SeaTerra)
Minas recolhidas e examinadas por especialistas da SeaTerra antes de serem queimadas (Imagem: SeaTerra)
Foto: Canaltech

O procedimento inclui o trabalho 24 horas por dia, em turnos, por especialistas, que observam as câmeras instaladas nos robôs remotos a partir de um navio para coletar e levar as munições até cestas metálicas para identificação, seja de armas convencionais ou químicas.

Em seguida, um guincho instalado em outra embarcação recolhe as munições devidamente separadas e as coloca em um cano metálico específico para cada tipo de armamento. Uma vez agrupados e cheios, os canos são levados individualmente para uma plataforma para queima.

A queima é necessária, segundo os especialistas, pois explodir a munição pode perturbar animais marinhos, como as toninhas, e acaba apenas espalhando mais os fragmentos não explodidos, poluindo o mar de forma mais séria.

A primeira queima de Lübeck deverá ser feita entre julho e setembro deste ano. O projeto é o primeiro a ser feito por razões ambientais, apenas para limpar o mar, e deve coletar 50 toneladas só este ano.

Fonte: Thünen Institute, Marine Pollution Bulletin, Marine Environmental Research, Propellants, Explosives, Pyrotechnics

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