Rosto e pele de dinossauro encontrados há mais de 10 anos estão finalmente sendo estudados
O responsável por exumar o dinossauro, o técnico do Royal Tyrell Museum, Mark Mitchell, precisou trabalhar meticulosamente por seis anos
Uma descoberta de 2011 de um fóssil de anquilossauro praticamente intocado, com a maioria de seus membros, revestimento, entranhas, conteúdo estomacal e até rosto e pele conservados, está agora servindo para uma série de estudos arqueológicos. O último deles sairá na edição de fevereiro deste ano da revista Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology e reflete um grande avanço sobre a dieta de dinossauros como o Borealopelta.
A demora para a análise do material se justifica pois apenas em 2017, pesquisadores conseguiram pôr as mãos no fóssil: sim, foram 7.000 horas e seis anos para que ele fosse exumado, antes de poder servir de base para investigações sobre o nosso passado distante.
O responsável por exumar o dinossauro, o técnico do Royal Tyrell Museum, Mark Mitchell, precisou trabalhar meticulosamente, lascando delicadamente a pedra que circundava a antiguidade. "Durante a preparação, eu montava os blocos como um quebra-cabeça, e o animal começou a realmente tomar forma", disse ele ao portal Ars Technica.
O esforço foi tão grande que Mitchell chegou a ser homenageado e teve uma espécie de anquilossauro recém-descoberta nomeada em sua referência: Borealopelta markmitchelli.
O curador do Royal Tyrell Museum, Donald Henderson, definiu o fóssil como "um achado em um bilhão".
Mais informações que o fóssil rendeu até agora
Um outro estudo, liderado pelo curador da Royal Tyrell, Caleb Brown, examinou a estrutura óssea conhecida como osteodermas, encontrada nos anquilossauros, que em espécies menos preservadas, normalmente cai para fora do lugar, mas que desta vez estava no local correto. Isso permitiu que Brown medisse todos os 172 pontos de localização dele.
"Muitos esqueletos de dinossauros blindados são preservados desarticulados, o que significa que seus ossos estão todos confusos", comentou Brown à Ars Technica. E completou: "Ter os osteodermas preservados em posição de vida neste espécime e em outros pode nos dar pistas sobre como reconstruí-los onde a posição da armadura é menos clara".
Ele também acredita que a função dessa estrutura óssea não seria a de evitar predadores, mas sim atrair parceiros.
Outra investigação possibilitada pelo fóssil encontrado, também desenvolvida por Brown, fez pesquisadores chegarem à conclusão que a espécie do Boreapelta se utilizava de uma forma de camuflagem chamada 'contra-sombreamento', que ainda não tinha sido detectada em espécies tão grandes como essa.