Se o Papa fosse mulher... A lenda medieval da Papisa Joanna
Poucas figuras do imaginário medieval causam tanto fascínio — e desconforto — quanto a da Papisa Joana, uma mulher que, segundo uma lenda nascida na Idade Média, teria conseguido se tornar Papa disfarçada de homem, no século 9.
A maioria dos estudiosos modernos afirma que ela nunca existiu. Mesmo assim, seu nome atravessou séculos, foi registrado em crônicas, traduzido em gravuras, romances, peças de teatro, filmes e até cartas de tarô. A força da história não está na confirmação histórica, mas no que ela simboliza sobre exclusão, poder e silêncio institucional.
A origem da lenda
A primeira menção conhecida à Papisa Joana aparece por volta de 1250, na crônica do dominicano Jean de Mailly. Ele relata, sem citar nomes, o caso de uma mulher que, por seu talento e erudição, teria se tornado Papa ao longo de uma trajetória que começa com o disfarce masculino. Na versão mais famosa, popularizada anos depois por Martinho de Opava, Joana teria nascido em Mainz, na Alemanha, com o nome de Ioannes Anglicus (João, o Inglês).
A narrativa afirma que ela foi levada a Atenas por seu amante, obteve educação superior — um direito negado às mulheres da época — e tornou-se uma referência intelectual. Após chegar a Roma e ensinar artes liberais, teria sido eleita Papa por unanimidade.
O fim é sempre trágico: durante uma procissão, ela entra em trabalho de parto e dá à luz em público, revelando sua identidade. Em algumas versões, é executada. Em outras, vive o resto da vida num convento. Em ...
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