Seis jovens turistas morrem por suspeita de envenenamento por metanol em Laos
Última vítima foi a jovem australiana Holly Bowles, de 19 anos, que estava hospedada em um hostel na cidade de Vang Vieng
A australiana Holly Bowles, de 19 anos, faleceu devido a um possível envenenamento por metanol em mais uma tragédia envolvendo turistas no Laos, país do Sudoeste Asiático. No total, seis pessoas morreram pelo consumo de álcool contaminado na cidade turística de Vang Vieng, conhecida por atrair jovens mochileiros.
Holly é a segunda adolescente australiana a perder a vida na região, após sua amiga Bianca Jones, também de 19 anos morrer uns dias antes.
Segundo reportagem da BBC, a jovem adoeceu no dia 13 de novembro, enquanto estava hospedada no Nana Backpacker Hostel. A família relatou que Holly estava “vivendo sua melhor vida viajando pelo Sudeste Asiático” antes de ser surpreendida pela fatalidade. Em comunicado, os parentes descreveram-na como uma fonte de “alegria e felicidade para tantas pessoas”.
Risco oculto no álcool ilegal
Especialistas acreditam que as mortes estejam relacionadas ao consumo de álcool falsificado misturado com metanol, uma substância tóxica usada como alternativa barata ao etanol.
Bebidas falsificadas, principalmente quando contêm um alto nível de metanol, podem causar danos ao fígado, cegueira, coma, dificuldade para respirar e até mesmo morte.
À BBC, Christer Hogstrand, professor de ecotoxicologia molecular do King's College London, explica que o metanol é incolor e inodoro como o álcool comum, mas sua estrutura química provoca reações fatais no corpo humano.
"A ingestão de apenas 25 mililitros de metanol pode ser fatal. Essa prática, infelizmente, não é incomum em bebidas alcoólicas destiladas de forma clandestina", relata o cientista.
O metanol, ou álcool metílico, é o mais simples entre os álcoois. Representado pela fórmula química CH₃OH, o líquido é incolor, volátil e com um odor levemente adocicado. Sua produção ocorre, principalmente, por meio da destilação destrutiva da madeira ou pela reação entre monóxido de carbono e hidrogênio.
Investigações em andamento
Autoridades locais ainda investigam onde as vítimas consumiram o álcool contaminado. O Nana Backpacker Hostel, onde Holly e Bianca se hospedaram, admitiu ter distribuído doses gratuitas de bebidas para cerca de 100 hóspedes na noite anterior ao incidente.
No entanto, o gerente afirmou que nenhum outro cliente apresentou sintomas. A plataforma de reservas Hostelworld retirou o albergue de seu site e recomendou que turistas na região consumam bebidas alcoólicas apenas de fornecedores confiáveis.
Outras vítimas
Além de Holly e Bianca, a advogada britânica Simone White, de 28 anos, também morreu. Descrita por sua família como uma pessoa “única, gentil e amorosa”, Simone estava em Vang Vieng com amigos.
"Simone era uma colega talentosa, com um futuro brilhante pela frente, e alguém que personificava os valores da nossa empresa. Nossos pensamentos estão com toda a família de Simone, amigos, colegas e clientes que tiveram o privilégio de trabalhar com ela e conhecê-la. Ela fará muita falta", publicou no Instagram a empresa que a jovem trabalhava.
Entre as demais vítimas estão um homem norte-americano e duas mulheres dinamarquesas, de 19 e 20 anos. Governos da Austrália, Nova Zelândia e Holanda estão pressionando por mais transparência na investigação e alertando seus cidadãos sobre os riscos do consumo de álcool falsificado no Sudeste Asiático.