Setor de tecnologia de Israel pode sofrer com guerra, diz cientista da Microsoft
Um funcionãrio de alto escalão da Microsoft em Israel expressou preocupação com o futuro do setor de alta tecnologia do país devido à guerra travada contra o grupo islâmico Hamas, alertando que as empresas multinacionais podem encerrar as atividades de pesquisa e desenvolvimento.
Tomer Simon, cientista-chefe do Centro de P&D da Microsoft Israel, disse que expressou suas preocupações em uma carta a Tzachi Hanegbi, chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, mas nunca recebeu uma resposta.
Como resultado, Simon publicou sua carta no diário financeiro Calcalist nesta quarta-feira, dizendo que é sua opinião pessoal e não em nome da Microsoft, uma das centenas de multinacionais que operam em Israel.
"O país deve criar um horizonte positivo para que as empresas multinacionais continuem a crescer", disse Simon, observando que, para cada emprego na área de tecnologia, foram criados outros cinco que impulsionam a economia de Israel.
"Há um grande perigo aqui. Israel não pode voltar a produzir apenas laranjas. Sem a alta tecnologia, voltaremos a ser uma economia de terceiro mundo."
O gabinete do primeiro-ministro não comentou o assunto.
Simon, que também reconheceu o custo humano da guerra, pediu aos líderes que enviem uma mensagem clara aos parceiros internacionais e à comunidade empresarial global de que Israel está comprometido com um futuro próspero e estável.
Centenas de milhares de reservistas do exército de Israel foram convocados, deixando uma lacuna na mão de obra e interrompendo as cadeias de suprimentos no país.
"A guerra criou um vácuo substancial na força de trabalho do setor de alta tecnologia. Esse cenário é especialmente perceptível em corporações multinacionais localizadas em Israel, onde a porcentagem de funcionários recrutados para as reservas é significativamente maior do que a média nacional", disse.
Simon não citou números, mas o governo estima que até 15% dos trabalhadores do setor de tecnologia foram convocados para o serviço militar. Segundo ele, a ausência desses trabalhadores prejudica tanto os projetos atuais quanto "envia uma mensagem preocupante às suas matrizes globais sobre a confiabilidade e a estabilidade de suas operações israelenses e de Israel em geral".
Simon também apontou para os 10 meses anteriores de turbulência política em Israel em meio ao plano de reforma judiciária encampado pelo premiê, Benjamin Netanyahu, que prejudicou os investimentos estrangeiros.
Ele alertou que "as empresas multinacionais podem congelar ou reduzir seus investimentos após o conflito e até mesmo encerrar suas atividades de pesquisa e desenvolvimento aqui", o que traria resultados prejudiciais para a economia de Israel e para o "futuro da inovação, enfraqueceria nossa posição global e prejudicaria ainda mais nossa estabilidade interna".