Site salva vídeo do Facebook que pode incriminar Bolsonaro no 8/1
Plataforma de preservação de memórias digitais coletou arquivo antes que fosse apagado pelo ex-presidente em 10 de janeiro
A plataforma MetaMemo, criada para preservar arquivos e memórias digitais, coletou um vídeo postado por Jair Bolsonaro (PL) no Facebook em 10 de janeiro de 2023, dois dias após a invasão do Planalto por apoiadores do ex-presidente.
O conteúdo, que foi apagado por Bolsonaro logo depois de ser publicado, mostra um homem afirmando que Lula (PT) não foi eleito pelo povo.
O vídeo é considerado fundamental pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para implicar Bolsonaro nos atos de 8 de janeiro, com a acusação de incitação ao crime.
A PGR já havia pedido à Meta, dona do Facebook, acesso ao vídeo, mas a empresa disse que não o possui mais, pois foi deletado dos servidores da empresa.
MetaMemo
No entanto, o MetaMemo coletou o vídeo antes mesmo de ele ser apagado. A plataforma utiliza as APIs das próprias plataformas, como Facebook, Instagram, Twitter e YouTube, para coletar e armazenar as postagens públicas.
Segundo Pedro Markun, um dos responsáveis pelo MetaMemo, são mais de 100 mil conteúdos catalogados entre vídeos, fotos e textos.
"Quando, ainda durante o outro governo, nos deparamos com uma nova forma de fazer política a partir do uso não de canais oficiais de governo, mas de perfis pessoais em redes sociais, resolvemos desenvolver uma tecnologia para preservar essa memória”, disse ao Intercept.
O MetaMemo foi criado para facilitar o acesso a jornalistas e pesquisadores a um vasto arquivo sobre a família Bolsonaro.
Os criadores da plataforma já previam que, depois da eleição, esse material seria apagado, e as plataformas não teriam compromisso nenhum com essa preservação.
A ferramenta é importante para preservar a memória digital do Brasil, especialmente em um momento em que as redes sociais são cada vez mais utilizadas para a disseminação de informações falsas e discursos de ódio.