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Sob pressão, Facebook perde usuários e vê receita encolher pela primeira vez

Projeção da companhia para próximo trimestre aponta para baixa demanda por publicidade e valorização do dólar diante de outras moedas

27 jul 2022 - 18h12
(atualizado às 19h55)
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Mark Zuckerberg e sua companhia estão sob pressão. Dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, a Meta registrou queda de 1% na receita da companhia, marco inédito para a empresa - as informações foram publicadas nesta quarta-feira, 27, em balanço financeiro referentes ao segundo trimestre de 2022. Além da performance ruim, a projeção da companhia indica um futuro difícil para a gigante.

A receita da Meta foi de US$ 28,8 bilhões no trimestre encerrado em junho passado, ante US$ 29 bilhões do mesmo período de 2021. De acordo com a consultoria Refinitiv, a receita esperada para o período era de US$ 28,9 bilhões. Já o lucro líquido da companhia no trimestre registrou queda de 36% na comparação anual, caindo para US$ 6,6 bilhões.

Além disso, as plataformas da companhia voltaram a registrar queda no número de usuários ativos por mês (MAUs, na sigla em inglês), importante métrica para verificar o crescimento da companhia: 2,93 bilhões, ante 2,95 bilhões do primeiro trimestre anterior em 2022. Na comparação com o mesmo trimestre de 2021, o aumento foi de 1%.

Já o número de usuários ativos por dia (ou DAUs) foi de 1,97 bilhão, alta de 3% ante 2021, mas abaixo do 1,95 bilhão esperado pelo mercado, segundo a Refinitiv. No primeiro trimestre deste ano, o Facebook tinha 1,96 bilhão.

"Foi bom ver uma trajetória positiva em nossas tendências de engajamento neste trimestre provenientes de produtos como Reels e nossos investimentos em IA", afirmou Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta. "Estamos aumentando a energia colocando mais foco em nossas principais prioridades da empresa, que abrem oportunidades de curto e longo prazo para a Meta e para as pessoas e empresas que usam nossos serviços".

De saída da empresa, a executiva Sheryl Sandberg, conhecida como o braço direito de Zuckerberg, alertou para o cenário desafiador global: "Esses continuam sendo tempos turbulentos para a economia global", declarou no último balanço como diretora de operações da empresa. "Muitos dos fatores macro que afetam nossa receita são continuações de coisas que vimos nos trimestres anteriores, como o impacto contínuo da guerra na Ucrânia e a volta do comércio eletrônico após o pico da pandemia. Mas também há novos desafios com o aumento da inflação e a incerteza em torno de uma recessão iminente".

As ações do Facebook fecharam em alta de 6,55% nesta quarta. Após a divulgação do balanço financeiro, a empresa registrava queda de 5%.

Projeção ruim

A Meta prevê que o próximo trimestre seja impactado pelo cenário macroecônomico global, pressionado pela inflação e pela consequente alta global dos juros. Principal forma de monetização das plataformas da empresa, a receita com anúncios deve continuar abaixo da expectativa da companhia.

"Esperamos que a receita total do terceiro trimestre fique na faixa de US$ 26-28,5 bilhões. Essa perspectiva reflete a continuidade do ambiente de fraca demanda por publicidade que experimentamos ao longo do segundo trimestre, e que acreditamos estar sendo impulsionado por uma incerteza macroeconômica mais ampla", explicou a empresa na carta aos investidores.

A queda em anúncios, no entanto, não impactou o principal rival da Meta nessa categoria, o Google. Em balanço revelado na terça-feira, 26, a gigante buscas registrou US$ 56,2 bilhões em receita de publicidade no segundo trimestre deste ano, alta sobre os US$ 50,4 bilhões de igual período do ano passado. Já a Meta viu essa métrica oscilar pouco: US$ 28,1 bilhão neste ano, ante US$ 28,5 bilhão do segundo trimestre trimestre de 2021.

A divisão de realidade virtual, que abrange as áreas de desenvolvimento de óculos e do metaverso, também deve ver um terceiro trimestre mais fraco em 2022. "Nossa previsão é que a moeda estrangeira pode ter um revés de 6% em relação ao crescimento da receita total ano a ano no terceiro trimestre, com base nas taxas de câmbio atuais".

Rivais

Os aplicativos comandados por Mark Zuckerberg têm percebido alta concorrência de rivais em diferentes frentes.

Atualmente, o TikTok é o principal adversário do Instagram e Facebook, que, como resposta, têm lançado recursos semelhantes ao app chinês.

Usuários, no entanto, parecem não ter gostado das mudanças, o que forçou o chefe do Instagram a vir a público justificar a estratégia do app.

Já o WhatsApp, embora não seja monetizável como os outros apps da companhia, tem notado a migração de usuário para os rivais Telegram e Signal. A preferência coloca pressão em Zuckerberg para manter o mensageiro como o preferido em mercados-chave da empresa, como Brasil e Índia.

Por fim, a Apple alterou as configurações de privacidade dos aplicativos no iOS 15, lançado em 2021. Desde então, usuários com o novo sistema operacional devem aceitar ser rastreados na web, uma das funções mais utilizadas por anunciantes nos sistemas do Facebook e Instagram — a decisão foi duramente criticada por Zuckerberg à época.

Redes sociais sofrem

O Facebook é mais uma das grandes empresas de tecnologia que sofrem com a queda de receita e o cenário econômico atual. Nas últimas semanas, outras companhias do setor, principalmente as voltadas para redes sociais, também reportaram resultados abaixo do esperado por investidores.

O Snap, dono da rede social Snapchat, registrou uma queda de 39% em seu valor de mercado, perdendo cerca de US$ 9 bilhões em valuation.

Envolvido pelo processo contra Elon Musk, o Twitter registrou, na última sexta-feira, prejuízo líquido de US$ 270 milhões e uma queda de 1% na receita total.

Ainda, nesta terça, 26, o Google viu o lucro da empresa cair de US$ 18 bilhões para US$ 16 bilhões neste trimestre — a fraca safra de balanços financeiros culpa a alta dos juros, queda na receita de publicidade e o câmbio internacional, que tem visto moedas pelo mundo se desvalorizarem.

Estadão
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