Startup quer que as pessoas conversem com casas, carros e fábricas com novo modelo de IA
Segundo a Archetype, um mundo físico como base de dados de um chatbot já é possível
A Archetype IA, uma startup criada por ex-funcionários da Google, pretende conectar os chatbots com o mundo real usando seu modelo Newton, que processa dados de sensores de todos os tipos. Obtiveram uma rodada inicial de US$ 13 milhões na qual a Amazon foi um dos investidores.
A inteligência artificial (IA) e os chatbots já são parte do dia a dia da maioria das pessoas. Agora que já estamos relativamente acostumados com a ideia de IA, startups de inovação querem partir para o próximo passo: trazer os bots para o mundo físico.
A Archetype IA, uma startup criada por ex-funcionários da Google, pretende conectar os chatbots com o mundo real, com o conjunto de dados que alimenta a interface de chat fosse a própria realidade física, capturada em tempo real ao interpretar os dados de bilhões de sensores.
O modelo utilizado chama-se Newton e foi projetado para processar dados de sensores de todos os tipos, além de responder perguntas e fornecer gráficos, além de outras funções que o ChatGPT faria.
Para o cofundador e CEO Ivan Poupyrev, a Archetype é o resultado de uma crença de longa data de que o mundo digital está intrinsecamente conectado – e pode ser engajado – com o mundo físico.
Ele, junto com mais quatro pessoas, conseguiram uma rodada inicial de investimentos de US$ 13 milhões (R$ 65 milhões), sendo um dos seus investidores o fundo de inovação industrial da Amazon.
"O mundo físico é onde temos a maioria dos nossos problemas, porque é tão complexo e movimenta-se tão rapidamente que as coisas estão além da nossa percepção para entender completamente", diz Brandon Barbello, um dos cofundadores e também COO da Archetype, em entrevista à Wired.
O prótótipo
Poupyerv destaca que é possível colocar sensores em qualquer coisa, mas interpretar esses dados é outra história (e bem mais complexa). Assim, o uso da inteligência artificial é quase uma obviedade.
“Há um potencial para usar a inteligência artificial para entender esses dados dos sensores - então finalmente podemos compreender esses problemas e resolvê-los”, disse.
Um exemplo prático do uso do Newton seria colocar os sensores dentro de um pacote da Amazon que foi sinalizado como frágil e deixar o pacote cair. Assim, o modelo da Archetype indicaria se há danos ao produto ou não.
Mas a ideia é mais ambiciosa. A empresa quer utilizar o protótipo para conversar com uma casa ou fábrica. Em vez de precisar de um painel complexo ou software personalizado para entender os dados desses locais com sensores, o Newton informaria diretamente o que está acontecendo em uma linguagem simples, como a do ChatGPT.
O impacto dessa nova tecnologia pode ser gigantesco, podendo ser inserido em residências, hospitais, indústria automobilística e por aí vai. Porém, é claro que há um lado negativo para tudo.
Na visão dos fundadores, a sensação de que o seu produto pode ser usado para algo mais “maligno” é um pouco distópico, mas eles afirmam que já levaram essa hipótese em consideração.
Ao contrário das câmeras, os dados de radar e outros sensores são mais benignos. No entanto, dados de câmeras podem ser processados pelo modelo da Archetype. "Os clientes com os quais estamos trabalhando estão focados em resolver seus problemas específicos com uma ampla variedade de sensores sem afetar a privacidade", diz Poupyrev.
Apesar de todas as possibilidades – éticas ou não – sobre esse tipo de inteligência artificial e o que pode ser feito com ela, o importante é destacar que a Archetype não é a única empresa na corrida. Inclusive, há uma companhia chamada Inteligência Física, concorrente direta da Archetype.
Poupyrev disse à Wired que reconhece a concorrência, mas diz que a Archetype se destaca por sua abrangência. "Nós atendemos um mercado muito mais genérico onde praticamente qualquer pessoa que tenha dados de sensores, independentemente do caso de uso, deveria ser capaz de torná-los úteis e funcionais para eles", diz ele.