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Submarino do Titanic: por que o resgate é tão difícil

Operação para localizar o submarino comercial desaparecido com cinco pessoas que iriam visitar os restos do Titanic é especialmente desafiadora

21 jun 2023 - 18h10
(atualizado em 22/6/2023 às 10h52)
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Assim é o interior do submarino perdido
Assim é o interior do submarino perdido
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Encontrar um pequeno submarino no vasto oceano gelado que cerca a remota costa canadense de Newfoundland é uma tarefa titânica.

Se, além disso, o oxigênio disponível para a tripulação estiver prestes a acabar, as equipes de resgate precisam trabalhar contra o relógio.

A operação para localizar o submarino comercial desaparecido com cinco pessoas que iriam visitar os restos do Titanic é especialmente desafiadora, apesar de nas últimas horas "sons de batidas" na área de busca terem restaurado a esperança de encontrá-los com vida.

Por volta do meio-dia pelo horário de Brasília desta quarta-feira (21/6), a Guarda Costeira americana estimou que as cinco pessoas a bordo tem cerca de 20 horas de ar para respirar.

O submarino tem tanques capazes de abastecer seus cinco ocupantes com oxigênio por até 96 horas, mas já se passaram três dias desde que a embarcação se perdeu.

A tripulação do submarino Titan, pertencente à empresa OceanGate, perdeu contato com a base 1 hora e 45 minutos após submergir no mar, segundo a Guarda Costeira dos Estados Unidos.

Ilustração mostra a profundidade dos destroços do Titanic
Ilustração mostra a profundidade dos destroços do Titanic
Foto: BBC News Brasil

Alistair Greig, professor de Engenharia Marinha da University College London, explica por que a busca é tão complicada.

"A comunicação pela água é sempre muito difícil. Uma vez perdido o contato, é muito difícil localizar onde [a embarcação] está. Um dos grandes problemas da operação é que eles não sabem se olham para a superfície do Atlântico ou no fundo do mar. Pode estar em qualquer um dos dois lugares."

Para o especialista, é improvável que o submarino experimental da OceanGate esteja no meio. Ele acredita que o veículo submersível provavelmente está flutuando ou completamente afundada.

Movimento imprevisível

Jamie Pringle, pesquisador da Keele University, no Reino Unido, aponta que outra dificuldade é que a embarcação pode estar se movendo de forma imprevisível agora.

O submarino desapareceu no oceano a aproximadamente 1.500 km de Cape Cod, Massachusetts, onde a profundidade é de aproximadamente 4.000 metros.

Aviões buscam ‘uma agulha no palheiro’
Aviões buscam ‘uma agulha no palheiro’
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Se estiver na superfície do oceano, será muito difícil detectá-lo porque, por ser um submarino, foi projetado para ter flutuabilidade neutra. Ou seja, a maior parte da embarcação flutua debaixo d'água com apenas uma pequena superfície visível", diz Greg.

O submarino, feito de fibra de carbono e titânio, tem "o tamanho de uma van grande e é pintado de branco".

"Tentar encontrar algo assim a partir do ar, principalmente se eles ficarem sem energia e não puderem enviar sinais, será um verdadeiro desafio."

Presos dentro

Outra das complicações adicionais é que a tripulação não pode sair sozinha.

O navio não pode ser aberto por dentro; só pode ser aberto por equipamento especializado do lado de fora.

Sons de batidas foram distinguidos do ruído branco usual do oceano
Sons de batidas foram distinguidos do ruído branco usual do oceano
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

É por isso que, no caso hipotético de o navio conseguir chegar à superfície, os passageiros não conseguiriam sair dele sem ajuda externa.

"Se estiver no fundo do mar, não se trata tanto de buscá-los, mas de ficar escutando, porque o que é usado para localizá-los é um sonar e, com sorte, a tripulação fará algum barulho no casco, que possa ser detectado", diz o professor de engenharia naval.

Como as equipes de resgate estão usando o som

Jonathan Amos, correspondente de Ciência da BBC, explica:

O som é a forma de comunicação no oceano. Baleias e botos usam, assim como os humanos.

Todas as formas de radiação eletromagnética, como rádio ou radar, são praticamente inúteis debaixo d'água.

Mas o som viaja com eficiência, viaja rápido (1.500 m/s) e percorre grandes distâncias.

É por isso que a operação de resgate está jogando sonobóias (sistemas de sonar descartáveis, ejetados a partir de aeronaves ou navios) na água, ouvindo qualquer som incomum.

Se os golpes detectados a cada 30 minutos vierem da embarcação e forem reais, as autoridades poderão utilizá-las para localizar o submarino.

Se eles forem transmitidos com um padrão regular, você pode cronometrar a chegada desse padrão em diferentes sonobóias para saber de onde vem a fonte.

O receptor GPS faz algo semelhante no seu telefone, usando sinais de rádio transmitidos por diferentes satélites.

O foco do som não é tão preciso, mas seria uma grande ajuda para reduzir os esforços do drone operado remotamente.

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