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Não acredite no que lê: a IA não vai aumentar a desinformação

A competição pela atenção vai aumentar. Mas isso não é um problema

28 out 2023 - 06h20
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Foto: Reprodução / Better Image AI

Apareceu um artigo muito, mas muito interessante, sobre o impacto da IA generativa na rede de desinformação que, como sabemos todos, afeta o mundo. E com uma conclusão surpreendente, que você só vai saber se ler até o final.

Publicado pela Harvard Kennedy School de mídia, política e políticas públicas, o paper olha direto nos olhos dos quatro grandes temores que temos com relação ao uso de IA Generativa no contexto das famosas fake news e que são, por ordem:

  • 1. Aumento da quantidade de desinformação;
  • 2. Aumento da qualidade da desinformação;
  • 3. Aumento da personalização da desinformação;
  • 4. Crescimento involuntário do compartilhamento da desinformação.

Cada um dos itens acima tem argumentos muito plausíveis para sustentá-los. Se é mais simples e rápido criar conteúdo falso, criado ele será.

Se o entendimento da personalidade do usuário se torna mais rico, podemos construir exatamente o que ele gosta de consumir e, finalmente; Se mais conteúdo é criado e direcionado a alvos mais adequados, a velocidade de propagação aumentará.

Vale a pena ver o artigo todo e a maneira como cada um desses argumentos é tratado, mas eu prefiro resumir onde os pesquisadores chegaram depois de cruzar cuidadosamente cada pedaço dessa estrada. A conclusão é original e solidamente lógica.

Já existe desinformação suficiente no mundo, e uma maior quantidade dela não vai mudar o panorama atual. Porque qualquer que seja seu volume, ela vai competir pelos mesmos dois objetos, que são um perfil específico de consumidor e seu tempo.

Como quem gosta de teorias da conspiração e informação sem base razoável já consome e cria esse material às toneladas, mais do mesmo não vai mudar a opinião de ninguém. Apenas competir com o que já existe, num conjunto finito de horas de usuário que já está engajado nesse tipo de atividade.

Isto é, ninguém vai realmente achar que uma notícia falsa do Times of New York é realmente do New York Times. Porque quem já acredita no primeiro de fato não lê o segundo e vice-versa.

Quem checa suas fontes vai continuar fazendo isso, quem acredita em meme vai continuar acreditando, é só que a competição por esse consumidor vai aumentar.

Portanto, estamos longe de resolver o problema de credibilidade da informação. Mas pelo menos ele não vai aumentar!

(*) Alex Winetzki é CEO da Woopi e diretor de P&D do Grupo Stefanini, de soluções digitais.

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