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Tempestades solares podem causar até apagões; saiba o que são e quais os riscos

Fenômeno é relativamente comum e ocorre principalmente por causa do campo magnético do Sol

20 jul 2022 - 13h21
(atualizado em 21/7/2022 às 16h09)
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Foto: Reprodução/pixabay

O Sol possui um campo magnético que é muito intenso e pode se realinhar. Essa reorganização pode gerar uma emissão de partículas carregadas capazes de se espalhar em diferentes direções, inclusive em direção à Terra, gerando as tempestades solares, capazes de derrubar tecnologias.

De acordo com a NASA, a tempestade solar mais recente atingiu a Terra nesta terça-feira (19) e pode se estender até quinta-feira (21).

O nome técnico das tempestades solares é "ejeção de massa coronal". O fenômeno pode nos afetar de diversas formas: positivas, na forma de auroras boreais, ou negativas, com efeitos nas ondas eletromagnéticas que interferem nas comunicações.

“No nosso Sol, ocorrem diversas explosões nucleares, onde átomos de hidrogênio se transformam em átomos de hélio. Estes processos são muito energéticos e liberam quantidades astronômicas de energia, comparáveis a bilhões de bombas termonucleares”, afirma Luciano Daniel, professor de Engenharia Elétrica da Universidade Federal Fluminense (UFF).

De acordo com ele, um evento do tipo possui potencial de causar grande impacto em nossa tecnologia. Nos piores cenários, poderiam causar apagões de energia que poderiam durar horas ou dias, embora as chances disso acontecer sejam muito pequenas.

“Este campo pode interferir com nossas redes elétricas e satélites, uma vez que todos equipamentos elétricos que utilizamos, como motores, baterias, linhas de transmissão de energia e circuitos eletrônicos, funcionam graças a ação de campos eletromagnéticos”, conta Daniel.

Thiago Gonçalves, doutor em Astrofísica pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia, explica que o Sol tem vários ciclos, em que fica mais ou menos ativo. “A gente está chegando em um período máximo dessa atividade. Cada vez mais vamos observar tempestades solares, inclusive com mais chance de uma atividade mais intensa”, afirma.

Um dos efeitos mais comuns é a produção de auroras. Gonçalves cita o caso da aurora boreal, uma interação das partículas carregadas do Sol com o campo magnético da Terra.

Já os danos podem ser percebidos em tudo que tenha ligação com a transmissão de energia elétrica e aparelhos eletrônicos. Por exemplo, rádios e satélites lidam com transmissão de onda eletromagnética. Quando essas tempestades atravessam a Terra, suas partículas geram uma interferência direta nas frequências do campo magnético do nosso planeta.

“Esse fluxo de energia e radiação eletromagnética acaba interagindo e interferindo com as ondas que a gente consegue controlar, e que usamos para telecomunicações, sistema de GPS, etc”, afirma Gonçalves.

Gonçalves nega a possibilidade de que a tempestade desta semana cause um desligamento geral. “Esse tipo de alarmismo é bom de espalhar, mas muitas vezes a proporção é exagerada ou tirada de contexto, principalmente nas redes sociais. A tempestade deve causar belas auroras, mas nada que deva causar qualquer tipo de estrago imediato”, explica.

Foto: Reprodução/pixabay

Como se proteger das tempestades solares?

Não existe uma forma de evitar que as tempestades solares nos atinjam, pois trata-se de um fenômeno natural. Mas é possível valer-se da prevenção para mitigar os impactos em nossas vidas. Para isso, existem maneiras de proteger aparelhos dos danos das tempestades solares, como por exemplo, ligando computadores, televisões ou outros aparelhos elétricos em protetores.

Em casa, é possível colocá-los nas tomadas da rede elétrica, para impedir a transmissão de um pico de energia para os eletrônicos. “O problema é que, mesmo no nível da sua casa, isso é caro. Se você tem um bom protetor, quanto mais ele protege, mais caro vai ser”, analisa Thiago Gonçalves.

Da mesma forma, é possível proteger os transformadores das usinas hidrelétricas e outras da rede global de energia, mas o investimento nesse sentido também é bastante alto para as empresas. “Tem uma questão econômica que dificulta uma solução simples, já que é preciso gastar dinheiro para se proteger de maneira adequada”, opina o físico.

Outra forma de prevenção é tentar entender melhor o funcionamento do Sol, seus ciclos de energia e campos magnéticos. Para isso, vale acompanhar o trabalho de astrônomos e cientistas dessa área. Ao saber com antecedência de uma tempestade em direção a Terra, daria para desligar preventivamente a rede elétrica, protegendo o sistema sem necessariamente gastar muito dinheiro.

“O Sol precisa ser constantemente monitorado. Estudos indicam que, em alguns casos, é possível prever com seis horas de antecedência a chegada de uma forte tempestade solar na Terra”, afirma Daniel. “Felizmente fenômenos dessa natureza, que chegam a causar fortes impactos por aqui, são relativamente raros”, finaliza o professor.

Gonçalves reforça que o desligamento deve ser feito em casos extremos, o que não é o caso da tempestade solar desta semana. “Não há tanto motivo para preocupação”, conclui.

Fonte: Redação Byte
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