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Teoria aposta nas placas tectônicas para cravar que estamos sozinhos no universo

Ao definir que a vida na Terra só se tornou complexa por conta das placas tectônicas, cientistas passaram a buscar planetas com elas — e eles são muito raros

5 jul 2024 - 01h09
(atualizado às 04h57)
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As placas tectônicas podem ter sido a chave para o desenvolvimento da vida complexa no nosso planeta, responsáveis por nós mesmos existirmos, mas também em outros planetas — e é essa possibilidade que cientistas da Universidade do Texas estão levando em conta.

Foto: NASA / Canaltech

Em estudo publicado na revista científica Scientific Reports, foi calculada a probabilidade de outros planetas terem placas tectônicas, e isso foi adicionado à Equação de Drake, que calcula as chances de encontrarmos civilizações alienígenas avançadas na nossa galáxia, a Via Láctea.

Placas tectônicas e a vida

Tudo começou com a questão do porquê a vida na Terra levou tanto tempo para sair dos organismos simples, o que só ocorreu após 4 bilhões de anos de pequenos organismos vivendo no mar. Criaturas complexas como os animais surgiram só 600 milhões de anos atrás, não muito tempo depois depois da dinâmica moderna das placas tectônicas aparecer.

As placas tectônicas garantiram que os continentes pudessem abrigar vida em Terra, desenvolvimento essencial para atingir complexidade (Imagem: NOAA)
As placas tectônicas garantiram que os continentes pudessem abrigar vida em Terra, desenvolvimento essencial para atingir complexidade (Imagem: NOAA)
Foto: Canaltech

Robert Stern, da Universidade do Texas, se juntou a Taras Gerya, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, para propor que o atrito do movimento tectônico ao longo das eras geológicas ajudou no desenvolvimento da vida complexa. Isso teria ocorrido, basicamente, porque a dinâmica tectônica tornou os terrenos continentais adequados para a transição das criaturas do mar para a terra.

Cinco processos diferentes participaram dessa adequação — o aumento no suprimento de nutrientes, a aceleração da oxigenação atmosférica e oceânica, o aumento da temperatura climática, um alto ciclo de formação e destruição de habitats e a pressão ambiental não-catastrófica que forçou a adaptação de organismos.

A partir disso, podemos concluir que, para que outras formas de vida em planetas distantes possam evoluir até conseguir desenvolver tecnologias avançadas com a capacidade de sair do planeta, seriam necessárias as mesmas condições.

O desenvolvimento da civilização a ponto de conseguirmos sair até o espaço e explorar as galáxias é muitíssimo raro, segundo os cálculos da equação de Drake (Imagem: NASA)
O desenvolvimento da civilização a ponto de conseguirmos sair até o espaço e explorar as galáxias é muitíssimo raro, segundo os cálculos da equação de Drake (Imagem: NASA)
Foto: Canaltech

A Terra é o único planeta do sistema solar com dinâmica tectônica. Planetas como Vênus, Marte e a lua Io têm atividade vulcânica, mas sua crosta é uma casca única, não fragmentada e em movimento como a nossa. Não há como ter certeza de que mundos distantes possuem placas tectônicas, já que nossos telescópios não são tão potentes, mas, com base no que já conhecemos, há como estimar.

Ao revisar a equação, os pesquisadores consideraram novos fatores — a fração de exoplanetas habitáveis com grandes continentes e oceanos e a fração desses que têm placas tectônicas com duração de mais de 500 milhões de anos. Isso exclui muito mais planetas do que o cálculo original, que considerava que qualquer vida simples, em todos planetas capazes de abrigá-la, se desenvolveria até formar uma civilização tecnológica.

A nova equação reduz a porcentagem de planetas capazes de desenvolver vida complexa para 0,003%, no mínimo, e 0,2%, no máximo, algo muito menor do que o cálculo original, que simplesmente trabalhava com 100% (a partir da existência de vida simples).

Juntando isso com outros fatores, como o número de estrelas formadas anualmente, a quantidade de estrelas com planetas e planetas habitáveis entre estes, as chances de achar vida inteligente na galáxia diminuem bastante, o que pode explicar não termos achado alienígenas até hoje — e mostrar que a Terra é, de fato, mais especial do que pensávamos.

Fonte: Nature

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