Terapia com urucum e LED combate mau hálito em crianças, aponta estudo
Protocolo incluiu a aplicação do spray de urucum a 20% no dorso da língua, seguido de irradiação com LED azul em seis pontos específicos
Um estudo publicado na revista científica PLOS ONE apresentou uma abordagem inovadora e eficaz para tratar o mau hálito em crianças. A pesquisa utilizou a terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT) com corante de urucum e luz LED azul, alcançando resultados promissores em 52 crianças de 6 a 12 anos diagnosticadas com halitose e que respiram pela boca.
A halitose, caracterizada por odores desagradáveis originados na cavidade bucal, pode ser agravada pela respiração bucal, que reduz a produção de saliva e sua função antibacteriana. Segundo Sandra Kalil Bussadori, odontopediatra e pesquisadora envolvida no estudo, “o fotossensibilizador utilizado foi o urucum, que é vermelho, combinado com LED azul do aparelho fotopolimerizador que os dentistas já possuem em seus consultórios, o que facilita a adoção do protocolo”, disse à Agência FAPESP.
A terapia demonstrou resultados superiores aos métodos tradicionais, como o uso de raspadores de língua, sendo uma alternativa acessível e viável para profissionais de saúde. Além disso, Bussadori destaca o desenvolvimento do spray de urucum como parte da pesquisa, cuja patente foi deferida em 2020.
Como funciona a técnica?
Na aPDT, um agente fotossensibilizador é ativado pela luz, produzindo radicais livres de oxigênio que eliminam bactérias. Durante o estudo, as crianças receberam orientações sobre higiene bucal e foram divididas em dois grupos: um tratou a halitose com a aplicação do corante de urucum e luz LED na língua, enquanto o outro utilizou apenas um raspador.
O protocolo incluiu a aplicação do spray de urucum a 20% no dorso da língua, seguido de irradiação com LED azul em seis pontos específicos por 20 segundos cada. Os resultados foram medidos antes, logo após o tratamento, e em intervalos de 7 e 30 dias, mostrando uma melhora mais expressiva no grupo que recebeu a terapia fotodinâmica.
Impactos sociais e acessibilidade
A halitose não é apenas uma questão de saúde física, mas também de impacto social, gerando constrangimentos e até alterações psicológicas, explica Bussadori. A pesquisadora reforça que o uso do LED azul, já presente em muitos consultórios odontológicos, aliado ao corante de urucum, representa uma solução econômica e acessível.
A pesquisa, liderada por Laura Hermida Cardoso e desenvolvida em parceria com a Universidade Nove de Julho, a Universidade Católica do Uruguai e a Universidade Metropolitana de Santos, contou com financiamento da FAPESP e abre caminho para novos protocolos de tratamento baseados na biofotônica.
Embora os testes tenham sido realizados apenas com crianças, a técnica é promissora para pessoas de todas as idades, consolidando-se como um avanço no cuidado odontológico acessível e sustentável.