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Terremotos atuais podem ser ecos de tremores com mais de 100 anos

17 nov 2023 - 16h31
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Uma das questões mais modernas da sismologia atual — distinguir tremores secundários da chamada sismicidade de fundo — foi abordada em um estudo recente publicado na revista Journal of Geophysical Research: Solid Earth. A conclusão foi que a América do Norte continua a tremer nos dias de hoje por réplicas sísmicas de dois grandes terremotos ocorridos há mais de um século no continente.

Se os resultados estatísticos obtidos nas investigações estiverem corretos, cerca de 23% a 30% dos tremores de terra ocorridos na zona sísmica de Nova Madrid (nos estados de Missouri, Arkansas, Tennessee e Kentucky) entre 1980 e 2016 foram na verdade "aftershocks" de quatro terremotos que atingiram a área em 1811 e 1812, com magnitudes entre 7,2 e 8.

A importância dessas descobertas é alertar áreas geologicamente estáveis dos continentes, com pouca atividade tectônica, dos riscos potencialmente presentes por réplicas de terremotos do passado que podem se manter contínuas por décadas e até mesmo séculos.

Terremotos longe dos limites das placas tectônicas

Pesquisadores mapearam epicentros de terremotos em um raio de 250 quilômetros.
Pesquisadores mapearam epicentros de terremotos em um raio de 250 quilômetros.
Foto:  Chen e Liu  / Tecmundo

Usando um método estatístico inédito, chamado "vizinho mais próximo (NN em inglês)", os autores Yuxuan Chen, geocientista da Universidade de Wuhan na China, e Mian Liu, geólogo da Universidade de Missouri nos EUA, analisaram os três maiores terremotos já ocorridos na América do Norte: no sudeste de Quebec, no Canadá, em 1863; na fronteira Missouri-Kentucky em 1811; e na Carolina do Sul em 1886.

A escolha das áreas não foi aleatória: todas ficam no interior continental estável do continente, e, mesmo longe dos limites das placas tectônicas, continuam experimentando tremores inexplicáveis nos dias de hoje. O método NN "calcula as distâncias entres pares de terremotos em um domínio espaço-tempo-magnitude", diz o estudo. 

Se as distâncias forem muito próximas para serem consideradas eventos de fundo independentes (normais de uma área), os pares são agrupados como se um tivesse desencadeado o outro. Mapeando epicentros de cerca de 250 quilómetros, Chen e Liu estimam que entre 10 e 65% dos terremotos da região são secundários.

Réplicas de terremotos de longa duração ou sismicidade de fundo?

Para o geocientista  Yuxuan Chen, há uma mistura de tremores secundários e sismicidade de fundo.
Para o geocientista Yuxuan Chen, há uma mistura de tremores secundários e sismicidade de fundo.
Foto:  Getty Images  / Tecmundo

Os resultados mostraram que 30% de todos os terremotos ocorridos entre 1980 e 2016 na fronteira Missouri-Kentucky foram provavelmente réplicas dos grandes terremotos ocorridos entre 1811 e 1812. O mesmo se aplica aos terremotos de Charleston, que são réplicas do grande tremor de 1886. Já a atividade em Charlevoix, em Quebec, é sismicidade de fundo.

Os dois pesquisadores concluíram que uma liberação prolongada da tensão pós-sísmica em regiões continentais estáveis pode "contribuir para longas sequências de tremores secundários".

Resumindo: explicações sobre se os terremotos contemporâneos na América do Norte são ruído de fundo ou tremores secundários não precisam ser excludentes. "É uma espécie de mistura", propõe Chen.

Mantenha-se atualizado sobre os últimos estudos científicos aqui no TecMundo e aproveite para saber também sobre mistério sobre o maior terremoto já registrado em Marte. 

Tecmundo
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