TikTok aguarda resgate de Trump e China sinaliza estar aberta a um acordo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve conceder ao TikTok mais tempo para fechar um acordo para venda de seus ativos no país, com a China sinalizando que está aberta a um entendimento para manter o aplicativo operando no mercado norte-americano.
O serviço de vídeos curtos usado por 170 milhões de norte-americanos foi brevemente retirado do ar para usuários dos EUA no último sábado, horas antes da uma lei entrar em vigor no domingo determinando que ele deveria ser vendido por sua proprietária chinesa, a ByteDance, por motivos de segurança nacional. As autoridades dos EUA disseram que, sob a ByteDance, há o risco de dados de norte-americanos serem usados indevidamente.
O TikTok restaurou o acesso no domingo e agradeceu a Trump por dar garantias à empresa e a seus parceiros comerciais de que eles não sofrerão multas pesadas para manter o aplicativo em funcionamento.
O aplicativo e o site estão operacionais nesta segunda-feira, mas o TikTok ainda não estava disponível para download nas lojas de aplicativos da Apple e do Google, sugerindo que as duas empresas aguardam garantias legais mais claras.
"Francamente, não temos escolha. Temos que salvá-lo", disse Trump em um comício no último domingo, um dia antes da sua posse, acrescentando que os EUA buscarão uma joint venture para restaurar o aplicativo usado por metade dos norte-americanos.
O presidente-executivo do TikTok, Shou Zi Chew, participou de uma missa na Igreja Episcopal de São João em Washington com Trump nesta segunda-feira. Chew foi acompanhado por vários executivos de grandes empresas de tecnologia, incluindo o fundador da Amazon.com, Jeff Bezos; o presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, e o presidente-executivo do Google, Sundar Pichai.
A empresa também patrocinou uma festa de posse no domingo, oferecida por organizadores de grupos de jovens conservadores.
Trump havia dito anteriormente que emitiria uma decreto para dar ao TikTok um adiamento da proibição após assumir o cargo, uma promessa que o TikTok citou em uma notificação publicada para os usuários no aplicativo.
Isso ocorre no momento em que a China indicou, pela primeira vez, que está aberta a uma transação que mantenha o TikTok operando nos EUA.
Ao ser questionado sobre a restauração do aplicativo e o desejo de Trump por um acordo, o ministério das Relações Exteriores da China disse em uma entrevista coletiva rotineira nesta segunda-feira que acredita que as empresas deveriam "decidir independentemente" sobre suas operações e acordos.
"O TikTok tem operado nos EUA por muitos anos e é profundamente amado pelos usuários norte-americanos", disse o porta-voz do ministério, Mao Ning. "Esperamos que os EUA possam ouvir seriamente a voz da razão e fornecer um ambiente de negócios aberto, justo e não discriminatório para as empresas que operam lá."
"SALVANDO O TIKTOK"
O debate sobre o TikTok ocorre em um momento tenso nas relações entre EUA e China. Trump disse que pretende impor tarifas de importação sobre bilhões de dólares em produtos chineses, mas também indicou que espera ter um contato mais direto com o líder chinês.
Salvar o TikTok representa uma reversão de postura de Trump em relação ao seu primeiro mandato. Em 2020, ele pretendia banir o aplicativo devido a preocupações de que a empresa estivesse compartilhando informações pessoais de norte-americanos com o governo chinês.
Mais recentemente, Trump afirmou que tem "um lugar especial no meu coração para o TikTok", creditando ao aplicativo o fato de tê-lo ajudado a conquistar jovens eleitores na eleição presidencial de 2024.