TikTok classificava pessoas LGBT com base no conteúdo, diz jornal
Ex-funcionários estavam preocupados que dados sensíveis pudessem ser utilizados como chantagem; empresa afirma que segurança é prioridade
A rede social chinesa TikTok rastreou usuários que consumiram conteúdo LGBT por pelo menos um ano. Isso é o que revela uma reportagem do jornal Wall Street Journal, publicada na última sexta-feira (5).
De acordo com ex-funcionários da empresa, informações ligadas a publicações com esse tema eram visualizadas em um painel que exibia os usuários que assistiam aos vídeos. O painel também identificava o perfil.
Dessa forma, o TikTok “deduzia” a orientação sexual dos usuários e os adicionavam em uma lista que correspondesse ao conteúdo assistido. Por exemplo, se alguém assistisse a um vídeo com lésbicas, a plataforma marcava a pessoa como “lésbica”. O mesmo para gays, bissexuais etc.
Coleta de dados
Quando criamos uma conta em uma rede social, autorizamos a coleta de dados pela plataforma para que a sugestão de conteúdo seja otimizada e melhorada pelos algoritmos.
Apesar de o TikTok não exigir que usuários forneçam orientação sexual durante o cadastro, essa prática é comum entre as "big techs", as grandes empresas de tecnologia.
No entanto, existem normas e leis, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que estabelecem que o uso de dados sensíveis, como orientação sexual ou religião por exemplo, devem ser tratados com mais cuidado. O rastreamento deles, portanto, pode ser considerado abusivo e descriminatório.
TikTok
O WSJ revelou que os funcionários levantaram preocupação quanto à coleta dessas informações, com receio de que esses dados pudessem ser usados para chantagear usuários LGBTQIA+.
Um porta-voz da empresa, no entanto, afirmou ao jornal que esse painel foi removido dos EUA há quase um ano e que os dados representam os interesses dos usuários e não são necessariamente um sinal da identidade de alguém.
“Proteger a privacidade e a segurança das pessoas que usam o TikTok é uma das nossas principais prioridades”, disse a empresa.
Os ex-funcionários discordam e afirmam que o tema dos vídeos a que um usuário assistia é suficiente para inferir aspectos de sua identidade, principalmente para tópicos como sexualidade.
Essa não foi a primeira vez que o TikTok se envolve com polêmica envolvendo a comunidade LGBT. Em janeiro, pessoas desse público disseram que a plataforma estava sugerindo seus perfis para familiares e amigos. Isso mesmo quando todo o compartilhamento estava desabilitado, fazendo com que eles "saíssem do armário" de forma forçada. A rede social não se manifestou sobre o assunto.