TikTok Shop deve chegar ao Brasil em maio e pode abocanhar até 9% do e-commerce no País
Plataforma deve angariar de R$ 25 bilhões a R$ 39 bilhões em volume bruto de mercadorias
O TikTok, conhecido pelas dancinhas, trends e vídeos virais, está prestes a virar também um marketplace no Brasil. A plataforma deve começar a vender produtos diretamente pelo aplicativo a partir de maio, segundo fonte ouvida pelo Estadão/Broadcast. A novidade não só amplia o alcance do conceito chamado "social commerce" - modelo que une redes sociais e consumo - como também pode abocanhar uma fatia importante do comércio eletrônico nacional.
O analista do Santander, Rubem Couto, disse que a plataforma chegará mais cedo que as expectativas iniciais (antes prevista para o fim de 2025), sinalizando uma "ânsia do TikTok em capturar o maior mercado de e-commerce da América Latina". Com 111,3 milhões de usuários, o Brasil é o terceiro maior mercado do aplicativo, atrás apenas da Indonésia (161 milhões) e dos Estados Unidos (137 milhões) que, por sua vez, já contam com o TikTok Shop.
Com isso, Couto calcula que a plataforma deve angariar de R$ 25 bilhões a R$ 39 bilhões em volume bruto de mercadorias (GMV) até 2028. Além disso, prevê que o serviço pode capturar de 5% a 9% de todo e-commerce no País dentro de três anos de funcionamento. Hoje, o Mercado Livre tem a maior participação de mercado dentro deste canal (13,3%), seguido pela Shopee (8,7%) e pela Amazon Brasil (7,4%), de acordo com o relatório da agência especializada em SEO Conversion.
Ao repartir o bolo, o Itaú BBA acredita que o Mercado Livre pode ser a mais afetada com a entrante chinesa. "Como o valor bruto das mercadorias (GMV) do Meli ainda está amplamente concentrado em pequenas e médias empresas, muitos desses vendedores podem ser atraído para o modelo da TikTok Shop se ele se mostrar eficaz", disse o analista Rodrigo Gastim.
A expansão do TikTok Shop em outros mercados oferece, na avaliação do BBA, algumas dicas sobre como a plataforma poderia se desenvolver no Brasil. Em 2024, o recurso gerou US$ 32,6 bilhões em GMV, sendo os EUA (US$ 9 bilhões), a Indonésia (US$ 6,2 bilhões) e a Tailândia (US$ 5,7 bilhões) seus três maiores mercados.
O lançamento nos EUA ocorreu em setembro de 2023 e somou GMV de 9 bilhões no final de 2024, ainda aquém da meta inicial de US$ 17 bilhões de GMV estabelecida para o primeiro ano. No entanto, Gastim ressalta que esse número representa apenas 0,8% do enorme mercado de e-commerce americano, de US$ 1,2 trilhão, e que essa mesma penetração no Brasil hoje implicaria em um GMV de cerca de R$ 2 a 3 bilhões.
"A trajetória de crescimento do TikTok Shop em outros países, seu perfil de vendedor e seu sucesso em categorias de alto valor, como beleza, sugerem que ela merece um monitoramento rigoroso por parte da concorrência", afirma o analista do Itaú.
Varejo nacional
As empresas Azzas 2154, Guararapes, Grupo SBF e Vulcabras foram citadas por Couto como as menos preparadas para lidar com o TikTok Shop. "As marcas não podem se dar ao luxo de ignorar o TikTok se quiserem ter engajamento com um público jovem", afirmou, mencionando que as varejistas nacionais vão precisar inovar ou desenvolver estratégias para vender na plataforma chinesa.
Por outro lado, marcas como a Natura, Lojas Renner, C&A e Magazine Luiza são vistas pelo analista como as mais bem posicionadas para se beneficiar da plataforma. "O canal pode apresentar uma oportunidade significativa para empresas locais venderem, especialmente nos segmentos de Beleza e Cuidados Pessoais, Moda, Vestuário, produtos relacionados à Saúde e Eletrônicos", disse.
A empresa lançou oficialmente a TikTok Shop em meados de 2021, testando-a em alguns países asiáticos e no Reino Unido. Depois disso, em 2023 plataforma chegou aos Estados Unidos e, no início deste ano, desembarcou no México. Com 1,6 bilhão de usuários globalmente, a rede social captura até quatro vezes mais engajamento que o Instagram, com usuários brasileiros dedicando 60 minutos diários de atenção à rede social, 33% a mais que o Instagram.
Procurado, o TikTok Shop não quis dar entrevista. Em evento do Bradesco BBI, na última semana, o representante do grupo no Brasil afirmou que o serviço chegará ao País neste ano.
