Transplante como o do Faustão pode ter entrega de órgão feita por drone; conheça
Testes com drones que transportam órgãos para transplantes são realizados desde 2019
O apresentador Fausto Silva entrou na fila para receber um transplante de coração após seu quadro de insuficiência cardíaca se agravar, informou no último domingo (20) o Hospital Albert Einstein.
Assim como o Faustão, internado desde o dia 5 de agosto, mais de 380 indivíduos no Brasil aguardam um coração novo. A boa notícia é que existem cada vez mais tecnologias que podem, no futuro, ajudar no processo — entre elas, os drones.
Testes com esse tipo de equipamento têm tido sucesso. Em 2019, um drone feito por cientistas da Universidade de Maryland, nos EUA, levou um rim para uma paciente que esperava por um transplante desde 2011.
A máquina tinha sensor de temperatura, pressão e até um paraquedas, para impedir desastres se algum componente passasse de funcionar a 120 metros de altura. Antes do voo inaugural de cinco quilômetros, ele havia voado mais de 700 horas em 44 testes.
Em 2022, foi a vez do Brasil colocar a mão na massa em um projeto do tipo. Pesquisadores da Fiocruz começaram a realizar os primeiros experimentos com o uso de drone para transportar materiais biológicos.
O projeto, que contou com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), da Softex e da H4ndsLab, usou caixas vazias com condicionamento de situação real, com controle de temperatura refrigerada, de altitude e de umidade, e rastreamento.
Na prova de conceito, o drone percorreu 8,2 km em 16 minutos. Para fins de comparação, o mesmo trajeto seria feito em 40 minutos por um carro. Outra vantagem é o custo, que seria 28% menor, segundo a equipe responsável.
No futuro, "esse projeto pode ser importante também no transporte de órgãos para transplante ou na entrega de sangue, por exemplo. Acreditamos que ele possa acelerar o desenvolvimento de soluções para instituições de pesquisa, laboratórios e hospitais, entre outros", completa Luis Eduardo Ludgero, fundador da H4ndsLab e da Scilog, em nota da Agência Fiocruz.
Em dezembro do ano passado, um drone carregou um pulmão retirado de um doador até o receptor que estava em outro hospital, no Canadá. O transporte levou cinco minutos e o órgão foi transplantado com sucesso em um paciente com fibrose pulmonar.
O caso foi descrito em um artigo publicado na revista científica Science Robotics.