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Transplante de fezes combate infecção intestinal grave, conclui UFMG

Onze transplantes já foram realizados e a taxa de cura foi superior a 90%; universidade brasileira é a única que realiza esse tratamento

25 nov 2022 - 12h47
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Cientistas brasileiros realizam transplante de fezes para tratamento
Cientistas brasileiros realizam transplante de fezes para tratamento
Foto: Freepik

Um estudo realizado pelo Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a companhia de biotecnologia norte-americana Rebiotix, confima que o transplante de fezes é uma boa alternativa de tratamento contra infecção intestinal grave.

Segundo o estudo, amostras de fezes de brasileiros saudáveis, em comparação com a dos norte-americanos também sadios, possuem cerca de 30% a mais de firmicutes, um filo de bactérias que faz parte da microbiota intestinal e atua em sinergismo no nosso organismo. 

Para os pesquisadores, isso se traduz em um potencial mais protetor contra infecções intestinais graves por Clostridioides difficle e doenças como a retocolite e a doença de Crohn, que atingem o trato intestinal em tratamentos por transplante de fezes.

O coordenador do centro de transplante da UFMG, o gastroenterologista e professor Eduardo Vilela, disse em comunicado que esta é a primeira pesquisa do tipo no Brasil, que testou a técnica mais acurada para avaliar o DNA da microbiota, o shot gun. 

“Os resultados preliminares mostram que as fezes dos brasileiros têm um caráter protetor maior, a partir de uma proporção maior do filo firmicutes, o que vai ao encontro dos resultados obtidos pelo Centro de Transplante de Microbiota Fecal do HC nos últimos anos”, afirmou 

Experiência

O estudo, desenvolvido neste ano, analisou amostras fecais de 49 brasileiros e de 17 norte-americanos e faz parte de uma modalidade terapêutica instituída em 2017 por pesquisadores do Centro de Transplante de Microbiota Fecal do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh. 

Este é o único centro do país que realiza transplante de fezes entre pessoas saudáveis e doentes para tratar a infecção recorrente pelo Clostridioides difficle e o restabelecimento da microbiota. Onze transplantes já foram realizados e a taxa de cura foi superior a 90%. 

Uma das pacientes, a aposentada Agostinha Calista Fonseca, de 72 anos, tinha infecções graves recorrentes e não havia mais resposta sustentada a partir do tratamento convencional com antibióticos. Depois do transplante, ela afirma que “renasceu”. 

“Já no dia seguinte ao procedimento eu era outra pessoa. Hoje eu tenho satisfação em ir ao banheiro. Eu penso positivamente em meu doador todos os dias”, disse ela em um comunicado.  

A infecção pelo Clostridioides difficle é um problema de saúde pública mundial. O diagnóstico a nível hospitalar implica isolamento do paciente, maior tempo de internação e morbimortalidade, de acordo com o médico. 

Como funciona 

As fezes são preparadas e processadas por uma equipe composta por médicos e biomédicos. Esse material fica armazenado em um ultrafreezer, com uma temperatura -80°C, o que garante a viabilidade a longo prazo. O tratamento funciona a partir da infusão de uma solução composta por esse substrato fecal por meio de uma colonoscopia convencional. A recuperação é rápida.  

Para transplantes futuros, o Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh está recrutando homens e mulheres de idades entre 18 e 50 anos que desejem doar suas fezes. Os voluntários passarão por entrevista por telefone e exame físico e laboratorial para excluir qualquer patógeno infeccioso. 

Fonte: Redação Byte
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