Tratar depressão com cetamina é a nova aposta da ciência
Comprimidos de cetamina (usada normalmente como anestésico) podem reduzir os sintomas de depressão, mesmo em sua forma mais grave, como mostra um estudo
A nova aposta dos cientistas tem sido tratar depressão com comprimidos de cetamina, conforme vemos em um novo estudo publicado na revista Nature Medicine na última segunda-feira (24). Os testes demonstraram que a substância pode ser eficaz até mesmo em casos de sintomas depressivos resistentes ao tratamento.
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O estudo foi conduzido em 20 clínicas psiquiátricas espalhadas por lugares como Nova Zelândia, Austrália, Cingapura e Taiwan, em participantes com idades entre 18 e 80 anos com transtorno depressivo maior (uma forma mais grave de depressão).
Metade dos pacientes recebeu o comprimido durante cinco dias, enquanto a outra metade recebeu um placebo. Os pesquisadores descobriram que essas cápsulas inclusive geraram menos efeitos colaterais do que outras formas de tratamento.
Na prática, os participantes do estudo tiveram uma média de 30 pontos em uma escala clínica que mede os sintomas da depressão. Pouco mais da metade do grupo (132) se deparou com uma redução dos sintomas.
Depois de 14 semanas, todos os que tomavam cetamina continuaram com algum alívio da depressão. Pessoas que tomaram a dose mais elevada se depararam com um benefício ainda mais significativo.
Uma curiosidade é que, entre os participantes, as mulheres e os adultos mais jovens tiveram uma tendência a efeitos de tratamento mais fortes do que os homens e os adultos mais velhos.
Cetamina contra depressão
A cetamina é usada por médicos como anestésico. A principal ação da cetamina é como antagonista dos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA), um tipo de receptor glutamatérgico no cérebro. Ao bloquear esses receptores, a cetamina interfere com a excitotoxicidade do glutamato, que é um neurotransmissor.
A cetamina interage com vários outros receptores, incluindo receptores de serotonina, dopamina e noradrenalina. Essas interações podem contribuir para seus efeitos antidepressivos e psicotomiméticos.
"A cetamina e a escetamina podem ser administradas de forma eficaz através de múltiplas vias, com doses mais elevadas associadas a uma maior melhoria na depressão em comparação com doses mais baixas", conclui o estudo.
No Brasil, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) atualmente conduz um estudo para testar cetamina contra depressão — mas nesse caso, via subcutânea, e não por comprimidos.
Fonte: Nature Medicine
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