Asteroide do porte de campo de futebol passa perto da Terra
No último domingo (15), uma surpresa nos campos celestes: uma rocha espacial do tamanho de um campo de futebol americano passou pertinho da Terra - algo que não acontecia desde 1930, segundo uma análise preliminar de sua órbita. O asteroide em questão havia sido descoberto apenas um dia antes de passear por sobre as cabeças dos terráqueos, no que está sendo chamado pelos cientistas de "voo surpresa".
Chamado de 2018 GE3, o asteroide foi descoberto pela Catalina Sky Survey em 14 de abril, no sábado; horas depois, Michael Jäger, um astrônomo amador de Weißenkirchen, na Áustria, gravou a rocha planando na constelação do sul de Serpens.
Asteroid 2018 GE3 flew past us today, half the distance to the Moon. Around 50-100 m in diameter, it was several times the 2013 Chelyabinsk meteor, around the size of the 1908 Tunguska event ~ easily enough to destroy a city. We had less than a day's warning. (📷 Michael Jäger) pic.twitter.com/kElrxBiUoB
— Andrew Rader (@marsrader) 16 de abril de 2018
De acordo com o Centro de Estudos de Objetos da Terra (CNEOS em inglês) da NASA, a rocha estava a aproximadamente 192 mil quilômetros de distância. Para feito de comparação, esse número representa a metade da distância entre a Lua e a Terra. Ainda segundo a associação, o asteroide que sobrevoou nosso planeta possuía um diâmetro estimado de 39 e 99 metros.
Considerando que um objeto com pelo menos 10 metros já possui uma energia semelhante à de uma bomba nuclear, pode-se dizer que o passeio da 2018 GE3 trouxe um breve risco para a vida humana. De toda forma, toda esta magnitude não seria nada frente aos asteroides que compõem o cinturão da área entre Marte e Jupiter, que chegam a medir cerca de 933 quilômetros. Segundo a NASA, porém, essas rochas não representam perigo para a Terra - não ainda, pelo menos.
Devemos nos preocupar?
O 2018 GE3 aparentemente é seis vezes maior do que o meteoro que explodiu sobre os Montes Urais da Rússia em Chelyabinsk em fevereiro de 2013 — ele pesava cerca de 10 toneladas e tinha cerca de 14 metros de largura. Na época, o fenômeno havia entrado na atmosfera terrestre a uma velocidade hipersônica de pelo menos 53 mil quilômetros por hora e se quebrou com o choque em pedaços que variavam entre 28 a 51 quilômetros. A Academia Russa de Ciências confirmou que o processo acabou ferindo 1.100 pessoas, em suma por conta dos estilhaços.
O asteroide de abril, por sua vez, viajou a uma velocidade estimada de 66 mil quilômetros por hora, e, de acordo com a organização EarthSky, deveria ter se quebrado logo que entrou na atmosfera da Terra, devido ao atrito com o ar. Em seu relatório, a entidade ainda revelou que algumas rochas com esse tamanho podem chegar, sim, à superfície terrestre e são capazes de causar algum dano regional.
Claro que para que um desastre deste gênero ocorra, vários fatores deverão ser levados em conta como, por exemplo, a velocidade, o ângulo de entrada e a localização do impacto. Ainda assim, o site dedicado ao espaço acrescenta: "ter conhecimento de que asteroides entram na atmosfera do planeta sem serem notados regularmente pode lhe fazer sentir melhor, ou pior".
Apesar do alerta, a NASA continua a rastrear asteroides que se aproximam da Terra, fornecendo dados estimados sobre o diâmetro das rochas e a distância em relação ao planeta. O episódio desta vez foi uma surpresa, mas ainda existem pelo menos outras três pequenas rochas espaciais programadas para passear no quintal terrestre - a começar por esta terça-feira (17), com a previsão de que a maior delas meça cerca de 33 metros de largura.