Uma olhada no Artifact, o "TikTok de textos" dos criadores do Instagram
Com visual descolado e uma IA que promete entregar conteúdo sob medida, primeira impressão do Artifact é de mais do mesmo.
O Artifact, novo aplicativo dos criadores do Instagram, Kevin Systrom e Mike Krieger, derrubou o sistema de convites e agora qualquer pessoa pode usá-lo.
O Núcleo fez isso e mostra a você o que o aplicativo, que promete uma curadoria de conteúdo em texto à moda TikTok, tem a oferecer.
BELA APRESENTAÇÃO. Sem surpresa, o Artifact é um belo aplicativo.
As telas e transições são elegantes, a usabilidade, muito boa e, pelo menos por ora, o aplicativo não passa a sensação caótica de ter muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.
A tela principal é uma lista infinita de cartões de posts/conteúdos em texto, organizados por uma inteligência artificial de aprendizado contínuo — ela "aprende" o que você mais lê e recomenda conteúdo relacionado.
Na terceira aba, do perfil, aparecem estatísticas de categorias e editoras/sites, e seu histórico de leituras.
O Artifact usa um tipo de "gamificação", condicionando elementos, como histórico, as mencionadas estatísticas a um mínimo de "leituras" e um contador da sequência de dias em que o aplicativo foi aberto.
O aplicativo entende como "leitura" o simples clique, porém.
Eu talvez tenha trapaceado e aberto um monte de posts apenas para bater a marca de 25 "leituras" que aparecia em volta do botão da aba Perfil — apenas para descobrir uma nova meta, agora de 50 leituras, com a promessa de um distintivo de "Super Leitor". 🤡
Não que ele não te monitore de perto: no histórico de leituras, o Artifact indica o percentual atingido de cada post acessado. É uma mensuração falha, pois considera a página web inteira e, na maioria dos casos, o texto termina muito antes do rodapé da página.
Ah, vale mencionar que o Artifact leva a pessoa aos sites dos jornais/publicações. Eles devem usar algum sistema de cache, porque o carregamento é notavelmente mais rápido que em um navegador comum.
Existe um modo de leitura sem distrações, mas é evidente que não se trata de algo incentivado: para acessá-lo, é preciso tocar na seta à direita do menu do rodapé e acioná-lo tocando em Reader Mode no menu — é o último item.
CONTEÚDO. Um detalhe legal do "onboarding" do Artifact, ou seja, do primeiro acesso, é que ele não exige a criação de uma conta logo de cara. Dá para usá-lo sem ceder seu número de telefone, embora alguns recursos sociais fiquem limitados.
Nesse "onboarding", o Artifact oferece alguns assuntos e pede a você para que marque aqueles que lhe interessam.
Outro cuidado é o de compatibilizar as leituras com assinaturas de jornais que você tenha.
Ao contrário de outras soluções do tipo, como Flipboard e agregadores de feeds RSS, o Artifact não permite a inclusão de fontes aleatórias. A curadoria é fechada nos sites pré-selecionados pela plataforma.
O máximo que dá para fazer é sugerir uma, nas configurações da aba Perfil, e torcer pelo melhor.
Essa limitação é um problemão para quem vive fora dos Estados Unidos, porque a maioria (se não todas) as publicações disponíveis, hoje, são norte-americanas e/ou inglesas, e todo o conteúdo está no idioma inglês.
A última atualização do Artifact trouxe um curioso botão de "não curti", para sinalizar ao algoritmo de recomendações conteúdos que lhe desagradem. Note que não existe um botão oposto, de curtir — em tese, a IA aprende automaticamente os seus gostos.
LEGAL, MAS… À primeira vista, o Artifact não traz novidades à mesa. Ele lembra muito outros aplicativos do gênero, e que já estão por aí há anos, como Flipboard, Google News e aquele feed de posts do Chrome.
E tudo bem, a grande aposta do Artifact não é mesmo mudar a maneira de ler. O negócio é revolucionar a forma como encontramos conteúdo, e isso demanda tempo — para refinar o algoritmo, supostamente superior, e para observar o impacto das sugestões sociais, baseadas nas atividades da sua rede de contatos.
Nesse sentido, a limitação das fontes de conteúdo pode ser um problema. É difícil ter a sensação de descobrir uma pérola escondida quando as fontes são New York Times, CNBC, Wall Street Journal, Washington Post e afins — todas fontes com que, de uma maneira ou outra, já tenho contato por outros meios.