Vegetação em solo lunar? Cientistas cultivam plantas saudáveis com o auxílio de bactérias
Em um novo estudo publicado na revista científica Communications Biology, uma equipe de pesquisadores da Universidade Agrícola da China (CAU) afirmam que conseguiram cultivar plantas saudáveis em solo lunar utilizando uma nova técnica de plantação. De acordo com o artigo, eles plantaram uma planta da espécie benthamiana (Nicotiana benthamiana) em um tipo de simulador de solo lunar com o auxílio de três tipos de bactérias.
Conforme os pesquisadores descrevem no artigo, as plantas cresceram com boas raízes, caules e folhas saudáveis no simulador de solo lunar. Infelizmente, isso não quer dizer que podemos começar a plantar na Lua a partir de amanhã, até porque o solo lunar é considerado estéril; ele não oferece nenhum tipo de umidade ou matéria orgânica para auxiliar no crescimento das plantas.
A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) afirma que o solo da Lua é formado por rochas fragmentadas em pequenos pedaços, poeira e fragmentos de meteoritos, asteroides e outros objetos espaciais. Ou seja, não é como um solo da Terra, inclusive, os especialistas explicam que ele é tão infértil que seria impossível cultivar nele mesmo em um ambiente terrestre.
"O termo 'solo lunar' pode ser enganador, pois o 'solo' lunar tem pouco em comum com os solos terrestres. Ele não contém matéria orgânica e não é formado por processos biológicos ou químicos, como os solos terrestres, mas estritamente por cominuição mecânica de meteoroides e interação com o vento solar e outras partículas energéticas", disse uma cientista da divisão de ciências planetárias da NASA, Sarah Noble, em outro estudo sobre o tema.
Cultivando plantas em solo lunar
Os cientistas chineses conseguiram realizar o feito por meio de um novo método, utilizando três espécies de bactérias para aumentar o nível de fósforo solúvel com amostras que 'imitam' o solo lunar coletado na missão Apollo 14. As bactérias utilizadas foram: Pseudomonas fluorescens, Bacillus megaterium e Bacillus mucilaginosus — eles experimentaram amostras com bactérias vivas e mortas.
No teste com as bactérias vivas, a atividade bacteriana ofereceu um solo mais ácido e liberou mais fósforo, facilitando o acesso das plantas aos nutrientes utilizados. Assim, eles conseguiram cultivar plantas saudáveis com uma concentração de clorofila cerca de 104% maior que no segundo teste. A pesquisa é considerada um passo importante no desenvolvimento de técnicas de cultivo em solo lunar.
"Nosso estudo mostra que B. mucilaginosus, B. megaterium e P. fluorescens podem tolerar as condições do simulador de regolito lunar e dissociar efetivamente o fósforo inorgânico insolúvel no simulador, melhorando a fertilidade do simulador, tornando-o um bom substrato de cultivo para plantas superiores", os pesquisadores descrevem no estudo.
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