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Vermes de Chernobyl imunes à radiação podem ajudar a ciência em respostas sobre o câncer

Forma como os diferentes indivíduos de uma espécie respondem aos danos no DNA é uma prioridade para os investigadores do cancro

7 mar 2024 - 16h13
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Considerado um dos maiores desastres da história, o acidente nuclear de Chernobyl completou 37 anos em 26/4. O FLIPAR mostrou e relembra.
Considerado um dos maiores desastres da história, o acidente nuclear de Chernobyl completou 37 anos em 26/4. O FLIPAR mostrou e relembra.
Foto: Domínio público / Flipar

Vermes que vivem perto da usina de Chernboyl, na Ucrânia, parecem ser imunes à radiação, é o que apontam os resultados de uma pesquisa que mostram como o reparo do DNA pode variar entre os indivíduos.

Que efeitos a radiação na usina de Chernnobyl teve sobre a vida selvagem que agora prospera no local? Em abril de 1986, um teste de sistemas na usina levou ao superaquecimento do reator e iniciou uma série de explosões, causando o pior desastre nuclear do mundo.

Anos após essa tragédia, pesquisadores avaliam o que mudou na vida de animais naquele entorno, que passaram por mutações para sobreviver aos efeitos da radiação.

Vários animais começaram a apresentar diferenças em relação aos de outros lugares, dizem os cientistas - e alguns estão demonstrando o que pode ser descrito como “superpoderes”.

No novo estudo, os investigadores visitaram Chernobyl para estudar nemátodos – pequenos vermes com genomas simples e reprodução rápida, o que os torna particularmente úteis para a compreensão de fenômenos biológicos básicos.

“Esses vermes vivem em todos os lugares e vivem rapidamente; por isso, passam por dezenas de gerações de evolução enquanto um vertebrado típico ainda está se desenvolvendo”, disse Matthew Rockman, professor de biologia na NYU e autor sênior do estudo, em entrevista ao Daily Mail. 

Os pesquisadores coletaram vermes de amostras de solo, frutas podres e outros materiais orgânicos. Os bichos foram coletados em locais de toda a zona com diferentes quantidades de radiação, variando de níveis baixos, equivalentes aos da cidade de Nova York, a locais de alta radiação, equivalentes ao espaço sideral.

Congelados em laboratório, os vermes foram analisados. “Isso significa que podemos impedir que a evolução aconteça no laboratório, algo impossível com a maioria dos outros modelos animais, e muito valioso quando queremos comparar animais que experimentaram diferentes histórias evolutivas”.

Os investigadores ficaram surpresos ao descobrir que não conseguiram detectar uma assinatura de danos por radiação nos genomas dos vermes de Chernobyl.

“Isso não significa que Chernobyl seja segura – mas que os nematóides são animais realmente resistentes e podem resistir a condições extremas”, disse Tintori. 

“Também não sabemos há quanto tempo cada um dos vermes que recolhemos esteve naquela área, por isso não podemos ter a certeza do nível de exposição que cada verme e os seus antepassados receberam ao longo das últimas quatro décadas”.

Esses vermes que pertencem ao filo “Platelmintos” são capazes de se multiplicar caso sejam partidos ao meio ou mesmo cortados em vários pedaços.
Esses vermes que pertencem ao filo “Platelmintos” são capazes de se multiplicar caso sejam partidos ao meio ou mesmo cortados em vários pedaços.
Foto: wikimedia commons Eduard Solà / Flipar

Os resultados dão aos pesquisadores pistas sobre como o reparo do DNA pode variar de indivíduo para indivíduo. E, apesar da simplicidade genética dos nematóides, as descobertas podem levar a uma melhor compreensão da variação natural nos seres humanos.

“Agora que sabemos quais cepas do verme são mais sensíveis ou mais tolerantes a danos no DNA, podemos usar essas cepas para estudar por que diferentes indivíduos têm maior probabilidade do que outros de sofrer os efeitos de agentes cancerígenos”, disse o pesquisador. 

A forma como os diferentes indivíduos de uma espécie respondem aos danos no DNA é uma prioridade para os investigadores do cancro que procuram compreender porque é que alguns humanos com predisposição genética para o cancro desenvolvem a doença, enquanto outros não.

Fonte: Redação Byte
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