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Vídeos de protestos na China começam a furar poderoso sistema de censura chinês

Vídeos sobre manifestações contra políticas de lockdown começaram a aparecer em apps chineses e sites mainstream como Twitter e Instagram

1 dez 2022 - 10h34
(atualizado às 11h43)
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Vídeos de protestos que estão ocorrendo na China desde o último fim de semana continuam disponíveis e seguem surgindo na internet, em um sinal que sugere que o poderoso sistema de censura chinês não está dando conta do volume de publicações.

Foto: Núcleo Jornalismo

CONTEXTO. No fim de semana, protestos surgiram em dezenas de cidades chinesas contra a política de Covid Zero do governo chinês.

A faísca que desencadeou esse tipo de manifestações - que são extremamente raras na China - foi um incêndio em um prédio na cidade de Urumqi, no oeste do país, que matou 10 pessoas.

Segundo o New York Times, as pessoas não conseguiram deixar o local por conta das duras restrições de lockdown - como portas trancadas por fora e escadas de incêndio fechadas com cadeado. Mas logo, outras demandas maiores, como liberdade de imprensa, pedidos por democracia e insatisfação com a resposta chinesa à pandemia, engrossaram o caldo das reinvindicações.

CENSURA. O sistema de censura chinês, uma combinação de censores humanos com bloqueios tecnológicos, é considerado o mais sofisticado do mundo.

Ainda assim, vídeos das manifestações continuavam a surgir em apps chineses como WeChat e Douyin (o TikTok chinês). Segundo especialistas ouvidos pelo NYT, o volume de conteúdo pode ter sobrecarregado os mecanismos de censura.  

  • Firewall: O sistema de censura chinês foi lançado em 2000 com o projeto "O Grande Escudo Dourado", popularmente conhecido como firewall. É um conjunto de ações legislativas, bloqueios tecnológicos, vigilância digital e censores humanos que impedem chineses de acessar certos sites e gerar alguns tipos de conteúdo. Na prática, é esse mecanismo que separa a internet chinesa, por onde circulam mais de 1,4 bilhão de pessoas, do resto do mundo.

Manifestantes chineses estão usando a criatividade para burlar o sistema que detecta conteúdo, espelhando vídeos, aplicando filtros ou gravando vídeos de vídeos.

De acordo com o NYT e o Wall Street Journal, também está crescendo o número de chineses que estão usando mecanismos para ter acesso a sites restritos na China, como Instagram e Twitter. Como o governo chinês não pode agir sobre esses sites, esses espaços estariam se tornando repositórios de conteúdos sobre os protestos.

Usuários fora da China têm recebido vídeos e fotos de pessoas dentro da muralha para postar o conteúdo e disseminá-lo.

Uma destas pessoas, com quem o WSJ conversou, disse que está recebendo mais de uma dúzia de mensagens por segundo com vídeos, mesmo volume que ele costumava receber por dia.

Texto Laís Martins
Edição Julianna Granjeia
Núcleo Jornalismo
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