Xiaomi registra abertura de capital com valor estimado em US$ 10 bilhões
Após muita expectativa e antecipação, a Xiaomi finalmente registrou seu pedido de abertura de capital, que deve atrair cerca de US$ 10 bilhões para a companhia. De acordo com os documentos registrados junto às autoridades de Hong Kong, onde as transações devem acontecer, cerca de 15% do capital da companhia deve ser vendido aos acionistas, em um movimento que pode levar a empresa a um valor de mercado de até US$ 100 bilhões.
Isso, claro, de acordo com as perspectivas mais otimistas, que têm toda razão para serem assim. Em apenas oito anos desde o início das suas atividades, e com forte atuação, principalmente, na China, a Xiaomi se transformou em uma das principais fabricantes de smartphones do mercado asiático, fazendo frente a grandes nomes mundiais. Por isso, até mesmo a previsão mais humilde coloca seu valor após o IPO em mais de US$ 80 bilhões, algo que, por si só, já é um estouro.
Mais do que isso, a abertura de capital deve ser a maior já registrada desde 2014, quando a também chinesa Alibaba iniciou suas operações na bolsa de Nova York com uma arrecadação de impressionantes US$ 21 bilhões. Com isso, a gigante do e-commerce também permanece na liderança como o maior IPO da história.
A previsão é que as ações da Xiaomi comecem a ser negociadas em junho, mas os detalhes ainda não foram revelados oficialmente. Além do registro da abertura de capital em si, junto a órgãos regulatórios, pouco foi revelado, com até mesmo valores e porcentagens sendo informações extraoficiais oriundas de fontes que estariam ligadas ao negócio.
Com o registro, entretanto, veio também um olhar mis aprofundado sobre uma empresa que teve um crescimento de 67,5% em seu faturamento no ano passado. O total arrecadado foi de US$ 18 bilhões, com lucros operacionais de US$ 1,9 bilhão. A expansão para outros países emergentes além de sua terra-natal foi citada como motor desse crescimento, com a Índia contribuindo para boa parte deste resultado.
Além do setor mobile, entretanto, a Xiaomi tem suas margens fortemente incrementadas por produtos para o consumidor, que vão desde smartphones, tablets e produtos de rede até gadgets como garrafas térmicas digitais, malas conectadas por GPS, scooters, panelas de arroz e purificadores de ar. Muitos de seus lucros também vêm por meio de parcerias com outras fabricantes e acordos de licenciamento e publicidade de sua interface proprietária, a MIUI, que conta com mais de 190 milhões de usuários.
Entretanto, a empresa ainda enxerga o mundo mobile como seu principal negócio e é aqui que está o grande desafio para a diretoria e ponto de dúvida para investidores e acionistas. Enquanto as margens da companhia, como um todo, são de 60%, o segmento de tablets e smartphones apresentam apenas 8,8%, o que faz com que a empresa opere em uma linha fina quando o assunto é o setor pelo qual acabou sendo reconhecida.
Para contrabalancear isso, a chinesa apresenta números como os que mostram a duplicação em sua disponibilidade de smartphones nas lojas de todo o mundo e um crescimento significativo na exportação, por meio de parcerias com lojas online. 28% de suas vendas em 2017, por exemplo, vieram de mercados ocidentais, enquanto, dois anos antes, esse total era de apenas 6,1%.
A abertura de capital da Xiaomi, ainda, conta com o entusiasmo da própria administração de Hong Kong, que vem se posicionando com um bom ponto de abertura de capital para as empresas de tecnologia da região. Com crescimento de 27% no ano passado justamente por conta desse movimento, a expectativa é chamar a atenção de grandes companhias do segmento ao longo dos próximos dois anos, atraindo US$ 500 bilhões em valor de mercado para suas listagens.
De acordo com os documentos, a fabricante estaria trabalhando com o Morgan Stanley, o Goldman Sachs e a CLSA em sua abertura de capital. A Xiaomi, entretanto, não comentou nada além de seus relatórios fiscais, registrados junto às autoridades de Hong Kong, e não falou sobre expectativas de crescimento ou ganhos em seu valor de mercado.