YouTube meio que ignora sinais do usuário para não mostrar vídeos de um assunto ou canal
No pior cenário, o botão de "não curti" só preveniu 11% de recomendações ruins.
O YouTube oferece alguns botões para que o usuário sinalize conteúdo indesejável. Pena que eles não funcionam direito.
Em tese, esses botões ajudam o algoritmo da plataforma a recomendar outros conteúdos mais relevantes. Na prática, porém, um estudo da Mozilla descobriu que a efetividade dos botões é limitada.
METODOLOGIA. Com a ajuda de +22 mil voluntários que instalaram a extensão de navegador RegretsReporter, a Mozilla analisou dados de 500 milhões de vídeos recomendados pelo YouTube.
A extensão criava um botão único sobre os vídeos dos voluntários. Ao ser clicado, ela escolhia um dos mecanismos de feedback negativo do YouTube a ser usado — "não estou interessado", botão de não curti, "parar de recomendar este canal" e remover do histórico".
Os pesquisadores da Mozilla criaram 44 mil pares de vídeos, um que o usuário sinalizou não querer ver mais e outro recomendado pelo YouTube em seguida.
Por fim, com a ajuda de um algoritmo de aprendizagem de máquina, eles classificaram se o vídeo recomendado no par era similar ao rejeitado pelo usuário.
RESULTADOS. O botão de não curti e o feedback "não estou interessado" tiveram desempenho bem ruim: eles só evitaram 12% e 11% de recomendações ruins, ou seja, similares ao vídeo recém-rejeitado.
"Parar de recomendar este canal" teve o melhor resultado, prevenindo 43% de recomendações ruins. A remoção do vídeo do histórico evitou 29% de recomendações ruins.
Para a Mozilla, os resultados evidenciam duas coisas:
- As pessoas sentem que usar os controles do YouTube não alteram as recomendações de maneira alguma. (Tipo aqueles botões no semáforo para pedestres, sabe?)
- Os mecanismos de controle do usuário do YouTube são inadequados para prevenir recomendações indesejadas.
RESPOSTA DO YOUTUBE. Ao site norte-americano The Verge, uma porta-voz do YouTube reclamou da metodologia da Mozilla.
Elena Hernandez disse que esse comportamento é o esperado. O YouTube, segundo ela, não bloqueia tópicos ou canais completamente para evitar que câmaras de eco se formem.
O estudo na íntegra pode ser lido neste link (PDF).
Via Mozilla, The Verge (ambos em inglês).