Anfavea: Brasil vai vender menos carros do que previa em 2022
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores reduz estimativa de vendas de autoveículos, mas projeta crescimento na produção
A Anfavea revisou sua projeção de vendas para 2022 e reduziu quase todas as estimativas, com exceção da produção e das exportações. O anúncio foi feito pelo novo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, durante entrevista coletiva virtual transmitida nesta sexta-feira (8). Segundo a Anfavea, o Brasil deve emplacar 2,140 milhões de autoveículos, ou seja, 20 mil a mais do que o realizado em 2021, porém 160 mil a menos do que estimava. A previsão anterior (janeiro) era de 2,300 milhões.
A queda nas estimativas é maior no segmento de veículos leves (automóveis e comerciais), porém ainda é um número superior ao do ano passado. Segundo a Anfavea, a estimativa é de licenciar 1,994 milhão este ano, contra 1,977 milhão realizado no ano passado. A projeção de janeiro indicava 2,143 milhões de veículos leves. No segmento de veículos pesados (caminhões e ônibus), a projeção caiu de 157 mil unidades para 146 mil (em 2021 foram vendidos 143 mil unidades).
Veja a seguir as projeções completaas divulgadas pela Anfavea, que apontou crescimento na produção e nas exportações, além de um número ligeiramente melhor nos licenciamentos totais.
SETOR | REALIZADO 2021 | NOVA PROJEÇÃO | PROJEÇÃO ANTERIOR |
Licenciamentos | 2,120 | 2,140 | 2,300 |
Veículos leves | 1,977 | 1,994 | 2,143 |
Veículos pesados | 143 | 146 | 157 |
Exportações | 376 | 460 | 390 |
Veículos leves | 349 | 433 | 361 |
Veículos pesados | 27 | 27 | 29 |
Produção | 2,248 | 2,340 | 2,460 |
Veículos leves | 2,070 | 2,162 | 2,268 |
Veículos pesados | 178 | 178 | 192 |
Márcio de Lima Leite disse que o problema está na produção, devido à falta de componentes, que é um problema global. Somando todas as paralisações de 20 fábricas no primeiro semestre, foram 357 dias de inatividade na indústria automobilística. A Anfavea afirma que houve uma perda de 170 mil veículos no primeiro semestre. Entre as dificuldades logísticas, o presidente da Anfavea citou o caso do porto de Xangai (China), que é o maior do mundo e ficou 60 dias parado.
As vendas internas no primeiro semestre ficaram em 918 mil unidades, uma queda de 14,5% em relação aos licenciamentos do ano passado (1,074 milhão). O Brasil foi o 5º país com a maior queda de vendas, entre os principais mercados globais. As maiores quedas foram da Itália (-26,2%), dos Estados Unidos (-17,8%), da França (-16,3%) e do Japão (-14,4%). A queda na produção da indústria automobilística brasileira foi de 5%. Veja abaixo os números.
SETOR | JAN-JUN 2022 | JAN-JUN 2021 | VAR. |
Total | 918.041 | 1.074.173 | -14,5% |
Carros e comerciais | 835.127 | 1.007.905 | -15,4% |
Caminhões | 57.605 | 58.730 | -1,9% |
Ônibus | 7.309 | 7.538 | -3,0% |
Produção | 1.091.689 | 1.149.070 | -5,0% |
Apesar dos preços dos carros estarem elevados, e da queda de poder aquisitivo da população, o presidente da Anfavea diz que ainda não há perda de clientes. “Se tivéssemos insumos para manter uma produção elevada, nós já teríamos sentido o impacto na demanda”, disse Lima Leite. “Ainda não há uma percepção de crise de demanda, mas talvez menor otimismo em relação ao que víamos no início do ano.”
Márcio de Lima Leite também mostrou preocupação com o comportamento do mercado de carros usados, que aponta queda de veículos até 3 anos e crescimento de veículos com mais de 12 anos. “O crescimento nas vendas de carros acima de 12 anos, que carinhosamente chamamos de velhinhos, é um crescimento perigoso, pois indica um envelhecimento da frota”, comentou.