Anfavea projeta crescimento de apenas 3% na venda de veículos
Presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, diz que 75% das vendas de veículos têm sido à vista e isso dificulta o crescimento
O Brasil deve emplacar 2,168 milhões de veículos leves e pesados em 2023, um crescimento de apenas 3,0% em relação ao real obtido no ano passado, de 2,104 milhões. São apenas 64 mil unidades a mais. A estimativa foi feita por Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
No setor de veículos leves (automóveis, picapes, vans e furgões), a Anfavea prevê 2,040 milhões de vendas internas (+4,1%), mas no setor de veículos pesados (caminhões e ônibus) a estimativa é de apenas 128 mil unidades (-11,1%).
Segundo Márcio de Lima Leite, a projeção pessimista tem a ver principalmente com a dificuldade de crédito para financiamento. “Atualmente, 75% das vendas ocorrem à vista. Três anos atrás, era o contrário”, disse o presidente da Anfavea.
A previsão da Anfavea para exportações é negativa (devido à crise na Argentina) e a da produção também é moderada. Veja abaixo todas as estimativas da Anfavea para 2023.
Previsão Anfavea 2023
Emplacamentos: 2,168 milhões (+3,0%)
Veículos leves: 2,040 milhões (+4,1%)
Veículos pesados: 128 mil (-11,1%)
Exportações: 467 mil (-2,9%)
Veículos leves: 439 mil (-2,5%)
Veículos pesados: 28 mil (-8,7%)
Produção: 2,421 milhões (+2,2%)
Veículos leves: 2,267 milhões (+4,2%)
Veículos pesados: 154 mil (-20,4%)
Agenda da Anfavea 2023
Márcio de Lima Leite apresentou uma série de temas que a Anfavea tem discutido com os novos governos federal e estaduais. “Se nós quisermos voltar ao patamar de 3 milhões de unidades, de relevância para o país, temos que falar em reindustrialização”, afirmou.
Ele destacou que temas como eletrificação e descarbonização passam por novas tecnologias, mas devem olhar para a cadeia de suprimentos, “caso contrário é abrir mão de 1,5 milhão de empregos”. E mais: "Não dá para falar em mobilidade sem falar em investimentos de infra-estrutura”.
A Anfavea reclama um crédito de R$ 7 bilhões em ICMS represados com os Estados e calcula que só o custo financeiro desse dinheiro soma R$ 1 bilhão por ano. Márcio de Lima Leite elogiou também o legado dos programas Inovar-Auto e Rota 2030.
“Com previsibilidade, você investe ou não”, disse Lima Leite. “Lembrando que o executivo que decide os investimentos no Brasil é o mesmo que decide os investimentos na Argentina." A Anfavea destacou que atualmente o Brasil disputa com o México os investimentos da indústria automobilística global.
No balanço de 2022, a Anfavea afirma que a falta de semicondutores reduziu em 4,5 milhões a produção de veículos no mundo e em 250 mil no Brasil. Por isso, Márcio de Lima Leite ficou satisfeito com o discurso de posse do ministro Geraldo Alckmin no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. “Foi música para nossos ouvidos”, disse.
A associação também apresentou um novo logotipo. A marca da Anfavea foi modificada para interpretar melhor os tempos atuais, de mobilidade ampla e maior eficiência energética. O veículo manteve seu visual pouco aerodinâmico porque representa não só os carros, mas também outros setores, como o de máquinas agrícolas.