Carro “popular”: indefinições travam setor automotivo
Anúncio do governo sobre incentivos para reaquecer o setor automotivo está provocando efeito contrário: vendas despencaram
O anúncio da intenção do governo em reduzir impostos para os veículos nacionais que custem até R$ 120 mil, feito no dia 25 de maio pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, tinha como objetivo animar o mercado e aquecer o setor, mas, por enquanto, vem tendo efeito contrário.
O motivo é que as tais medidas ainda dependem de aval do Ministério da Fazenda para serem implementadas, e, como se não bastasse, ainda falta explicar como será feita a conta para determinar a redução de preço para cada modelo.
Por conta de todas essas indefinições, o setor está registrando um verdadeiro caos, pois a maioria dos negócios está paralisada, à espera do prometido detalhamento das medidas. Dessa forma, as concessionárias estão vazias e muitas vendas foram até canceladas. Para piorar, a desistência dos consumidores está afetando até os modelos que não serão beneficiados com a redução, ou seja, veículos mais caros e sofisticados, assim como os seminovos.
Montadoras e concessionárias fazem o que podem para tentar reverter a espera dos clientes e realizam promoções, oferecendo descontos, valorização no usado, brindes e outras vantagens. Tudo para tentar levar o cliente às lojas.
Se o cenário é ruim, pode ficar ainda pior com o bate-cabeça de membros do governo com dirigentes do setor. Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, por exemplo, defende que as medidas tenham validade de 12 meses, pelo menos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, porém, já declarou que elas devem durar bem menos, de três a quatro meses.
Além disso, Lima Leite também defende que o sistema de vendas diretas também passe a ser permitido para pessoas físicas, o que, segundo ele, proporcionaria redução maior de preços. Mas José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave (entidade que reúne os proprietários de concessionárias), já se declarou contrário à medida.
Enquanto dirigentes e políticos não se entendem, o setor segue caminhando a passo de tartaruga e o consumidor fica abandonado, com sentimento de frustração.