Carros elétricos precisarão declarar autonomia real no Brasil
Site especializado em veículos elétricos informa que nova metodologia de divulgação da autonomia elétrica incluiu "pênalti" de 30%
Quem já usou carro elétrico sabe: o fabricante indica que é possível rodar, digamos, 400 km, e quando chega em 200 km a bateria está quase vazia. Por causa de problemas assim, o Inmetro está mudando a metodologia de medição e divulgação da autonomia elétrica dos carros vendidos no Brasil.
A informação é do site Use Elétrico. Segundo reportagem de Marcos Rozen, editor do Use Elétrico, o presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), Adalberto Maluf, confirmou a existência de uma nova norma, para que o alcance declarado seja o mais próximo possível do real praticado pelos motoristas brasileiros.
“A nova metodologia prevê que a divulgação pública contenha um 'pênalti' de 30% sobre os resultados colhidos em laboratório”, informa o Use Elétrico. “Assim, hipoteticamente, se um modelo elétrico ou híbrido alcançar 100 quilômetros de autonomia no teste de laboratório para o Programa Nacional de Etiquetagem Veicular, a informação oficial deste veículo quanto à autonomia será de 70 quilômetros.”
Esta, aliás, é uma segunda ação, pois a primeira foi obrigar as montadoras a fazer a medição pelo Inmetro. Até agora, cada montadora utiliza a norma que quiser, e a maioria de outros países, como WLTP, EPA, NEDC, além do PBEV do Inmetro. A regra já está em vigor e as primeiras marcas a mostrarem a verdade dos novos números foram a Volvo e a Nissan.
“Não conheço ninguém que consiga obter com um carro a combustão no uso do dia a dia os números de consumo em quilômetros por litro apontados pelo Inmetro em testes laboratoriais”, disse Maluf ao Use Elétrico. “Desta forma, no meu entender, esse pênalti de 30% deveria ser aplicado igualmente aos veículos a combustão, e não apenas aos elétricos e híbridos.”
Portanto, segundo a reportagem, até mesmo as marcas que já usavam o PBEV do Inmetro terão que ajustar seus números de autonomia elétrica. Assim, o Byd Tan EV deve cair de 437 km para 306 km e o Caoa Chery iCar deve passar de 282 km para 197 km.
Maluf disse mais ao Use Elétrico: “Caberá a nós, os fabricantes, explicar ao consumidor que esta autonomia declarada é 30% menor do que a obtida em laboratório, que esse número divulgado é o pior cenário possível. E que ele poderá, dependendo do seu modo de condução, obter resultados inclusive bem melhores do que o indicado.”