Avaliação: Honda Civic Híbrido é uma (ótima) metamorfose
Novo Honda Civic Híbrido confirma o caráter transformador do modelo japonês, mas vale a pena se poucos o compram?
Rodamos cinco dias com o novo Honda Civic Híbrido e ele confirmou o que já sabíamos desde as primeiras impressões: é um carro excelente. É preciso procurar muito “pelo em ovo” para criticar o Civic Hybrid e:HEV, que hoje é um carro superior ao Toyota Corolla Hybrid, porém o preço de R$ 244.900 afasta muitos compradores.
Considerando que o Toyota Corolla mais caro (Hybrid Altis Premium) custa R$ 193.590, estamos falando de uma diferença de R$ 51.310. Por causa disso, o Honda Civic emplacou apenas 324 unidades em sete meses, contra 23.364 do Corolla.
Está claro que a Honda desistiu dessa briga para apostar em outros segmentos. O sedã agora vem importado da Tailândia. Resta o consolo de que o Honda Civic ainda é R$ 76.050 mais em conta do que o BMW 320i (R$ 320.950).
O que é novo
Tudo é novo no Honda Civic. Sempre em transformação, o Honda Civic confirma que é uma metamorfose ambulante. Ao contrário do Toyota Corolla, que é muito conservador, o Honda Civic é arrojado, atrevido, está sempre buscando novas alternativas, inclusive de design.
Além do formato da carroceria, que surpreende com o capô bastante alongado e a cabine recuada, o Honda Civic Híbrido se diferencia pelo sistema Hybrid Full e:HEV (que significa híbrido próximo do elétrico). Faz sentido porque, no caso do novo Civic, o motor elétrico é mais potente do que o motor a combustão.
O que nós gostamos
Poucos carros combinam tão bem a entrega de potência com baixo consumo como o Honda Civic Híbrido. Ele faz 18,3 km/l de gasolina na cidade e 15,9 km/l na estrada. A emissão de CO2 caiu para 74 g/km. Durante nossa avaliação conseguimos uma média de km/l muito melhor: 21,5.
O motor a combustão é um 2.0 turbo 16V de 143 cv de potência (6.000 rpm) e 187 Nm de torque (4.500 rpm). O motor elétrico (e-CVT) atua diretamente na transmissão e entrega o equivalente a 184 cv de potência (135 kW). O torque é de 314 Nm. A Honda se recusa a dizer qual é a potência combinada (não é a soma dos dois).
Na prática, o motor elétrico atua no Honda Civic com muito mais frequência do que em outros sistemas híbridos. Basta tirar um pouco o pé do acelerador para que o sinal “EV” surja no quadro de instrumentos. A bateria de lítio é de apenas 1 kWh de capacidade, como nos demais híbridos full do mercado, por isso não há uma longa tração elétrica.
O Honda Civic não precisa ser carregado na tomada e isso é uma preocupação a menos para o usuário. O porta-malas de 495 litros acomoda muita bagagem. Os porta-objetos ficaram muito mais bem distribuídos na parte frontal do carro.
A multimídia do Honda Civic Híbrido é composta de um display tátil de 9” com fácil conexão para Android Apple e Apple CarPlay. O painel digital tem uma tela de 10,2” com ótima informação dos principais dados do carro, bem como um computador de bordo competente.
O comportamento dinâmico do Honda Civic Híbrido também merece ser destacado. A geração anterior já era ótima e a Honda manteve o padrão, com suspensão independente nas quatro rodas, tração dianteira e rara tendência ao subesterço.
Os pneus 215/50 R17 da Honda foram uma boa escolha, para destacar uma certa esportividade do carro, mas não ficaria mal se as rodas fossem menores, de 18”, com pneus de perfil um pouco mais altos (afinal, estamos num país de estradas ruins).
O que pode melhorar
A conexão do Android Auto e do Apple CarPlay ainda é feita com cabo, o que não combina com um carro de quase R$ 250 mil.
A imagem da câmera lateral substituindo a imagem do navegador toda vez que o motorista dá seta para a direita causa mais transtornos do que benefícios. É possível desligar a tela dando um toque na ponta da alavanca, mas é uma operação a mais. Também é possível desabilitar nas configurações dos carro. Seria melhor não ter.
Notas [pela categoria]
Desempenho - 9 (ótimo)
Consumo - 9 (ótimo)
Dirigibilidade - 9 (ótimo)
Conforto - 10 (ótimo)
Usabilidade - 10 (ótimo)
Conectividade - 9 (ótimo)
MÉDIA - 9,3 (ÓTIMO)
Veredicto
Vale a pena comprar o Honda Civic Híbrido se você não se importa em pagar R$ 51 mil a mais do que num Toyota Corolla, e principalmente porque custa R$ 76 mil a menos do que um BMW 320i. O novo Civic ficou muito bom de dirigir e se coloca num patamar bem superior ao do Corolla, especialmente nos detalhes. Esta geração confirma seu caráter de metamorfose ambulante – e o resultado foi ótimo.
Ficha técnica
Categoria: C-Sedan HEV (híbrido completo)
Motores: 2.0 aspirado + 1 elétrico de tração
Potência a combustão: 143 cv a 6.000 rpm
Potência elétrica: 184 cv (135 kW)
Torque a combustão: 187 Nm a 4.500 rpm
Torque elétrico: 315 Nm
Transmissão: e-CVT
Tração: 4x2 (dianteira)
Suspensão: independente (d/t)
Direção: elétrica
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Comprimento: 4,679 m
Largura: 1,802 m
Altura: 1,432 m
Entre-eixos: 2,735 m
Vão livre: 154 mm
Peso: 1.449 kg
Pneus: 215/50 R17
Porta-malas: 495 litros
Tanque: 40 litros
Bateria: 1 kWh
0-100 km/h: 7s8
Velocidade máxima: 180 km/h
Km/litro cidade: 18,3
km/litro estrada: 15,9
Consumo cidade: 5,4 litros/100 km
Consumo estrada: 6,3 litros/100 km
Emissão de CO2: 74 g/km