Impressões: Renault Kwid elétrico vai agradar na cidade
Primeiro contato com o Renault Kwid E-Tech, num circuito fechado, mostra que o modelo elétrico pode ser boa alternativa para uso urbano
Já temos nossas primeiras impressões ao dirigir o Renault Kwid E-Tech, a versão 100% elétrica do subcompacto francês. O Kwid elétrico não é muito diferente do Kwid 1.0 flex que já conhecemos, mas é melhor. Primeiro porque vem equipado com seis airbags, o que aumenta a segurança para todos os ocupantes do veículo. Segundo porque tem um comportamento dinâmico superior – é melhor nas frenagens e nas acelerações.
Nosso primeiro contato com o Kwid elétrico (E-Tech) aconteceu em circuito fechado na pista do Kartódromo da Aldeia da Serra (SP). O local dessas primeiras impressões não pode ser desprezado, pois a pista é mais larga do que a maioria das ruas, tem uma grande reta que proporcionou boas velocidades e curvas rápidas ou sinuosas, que exigiram solicitação dos freios.
Embora o Kwid E-Tech seja muito parecido com o Kwid 1.0 flex, a dinâmica de um carro elétrico é muito diferente. Por isso, antes de analisar os dados do carro elétrico, é preciso entender as diferenças. O motor elétrico do Kwid E-Tech, por exemplo, tem apenas 65 cv (48 kW), contra 71 cv do modelo a combustão interna. Mas o motor elétrico fornece o torque instantâneo, portanto, a arrancada do Kwid E-Tech é muito melhor.
Ninguém vai sentir que o carro está se arrastando ao volante de um Kwid elétrico. Para ir de 0 a 50 km/h, ele leva 4,1 segundos. E chega muito rapidamente a 80 km/h também, de forma que ele tem boa desenvoltura. O torque é de 113 Nm já ao pisar no pedal do acelerador, contra 98 do Kwid que usa o motor a combustão interna (e só a partir de 4.250 rpm).
A Renault fez a escolha certa ao optar por um motor com pouca potência combinado com uma bateria de razoável capacidade (27 kWh). Se a proposta do carro é urbana, o alcance (ou autonomia) é muito mais importante do que o desempenho. Isso não conseguimos medir, mas a Renault garante que o Kwid elétrico é capaz de rodar 298 km se for usado só na cidade. Ou seja: 72% do que roda um Kwid flex abastecido com etanol.
Os freios do Kwid elétrico também são melhores do que os do Kwid térmico. Eles são a disco na dianteira e a tambor na traseira, mas, devido à melhor distribuição de peso, o Kwid E-Tech não apresenta desvios de trajetória nas frenagens de emergência. Chega a ser surpreendente, para quem conhece o Kwid a combustão interna.
De resto é tudo muito parecido, pois as informações de uso da potência do Kwid elétrico estão onde ficaria o conta-giros e a indicação do nível da bateria é parecida com a indicação do nível de combustível no tanque. A diferença mais notável é que o Kwid elétrico não passa de 130 km/h, enquanto o Kwid flex vai até 156 km/h. Uma diferença de apenas 26 km/h.
Vale lembrar que até carros elétricos de luxo têm a velocidade máxima bastante limitada. As montadoras fazem isso porque, a partir de uma certa velocidade, o consumo elétrico passa a ser altíssimo. No caso do Kwid E-Tech, portanto, a primeira pergunta que o consumidor deve fazer não é para a Renault e sim para si mesmo.
“Quantos km eu rodo por dia, em média, na cidade?” Se for menos de 50 km, isso significa que você pode rodar seis dias seguidos com o Renault Kwid elétrico sem precisar recarregar a bateria.
E aqui entra outro fator positivo do Kwid, que aumenta as chances de a Renault popularizar o uso do carro elétrico a partir deste modelo: o Kwid E-Tech vem com um carro de três pinos que pode ser ligado numa tomada 220V de casa. Portanto, não há necessidade de um carregamento rápido como em carros elétricos com muita potência.
Segundo a Renault, o Kwid E-Tech exige apenas uma disciplina como a de alguém que coloca o telefone celular para carregar durante a noite. Com pouco menos de 9 horas na tomada e casa, o Kwid elétrico ganha energia para rodar 190 km. Mas, se tiver um carregador rápido disponível, leva apenas 40 minutos.
O Renault Kwid E-Tech custa R$ 142.990. Claro que não é barato, mas é o carro elétrico mais acessível do Brasil. Em troca, além de uma atitude mais ecológica para a cidade e o planeta, o comprador de um Kwid elétrico terá um custo de rodagem baixíssimo, cerca de 6 centavos por km (R$ 0,06), enquanto o Kwid 1.0 flex tem um custo aproximado de 48 centavos por km (R$ 0,48). Ou seja: o Kwid E-Tech gasta 8x menos para “abastecer”.
Equipado também com Android Auto e Apple CarPlay, o Renault Kwid E-Tech usa pneus mais largos (175/70), mas manteve as rodas de 14”. Mas suas rodas têm quatro furos e não apenas três, devido ao torque mais forte, que proporciona boas arrancadas. Rodando num circuito cidade-estrada, o alcance do Kwid elétrico baixa para 265 km. Segundo a Renault, é possível ir e voltar de São Paulo a Santos (mas isso ainda não pudemos conferir na prática).
Os números
Preço: R$ 142.990
Motor: 1 elétrico de 48 kW
Potência: 65 cv a 1 rpm
Torque: 113 Nm a 1 rpm
Câmbio: 1 marcha AT
Comprimento: 3,734 m
Largura: 1,579 m
Altura: 1,500 m
Entre-eixos: 2,423 m
Vão livre: n/d
Peso: 977 kg
Pneus: 175/70 R14
Porta-malas: 290 litros
Carga útil: n/d
Bateria: 27 kWh
0-50 km/h: 4s1
0-100 km/h: 14s6
Velocidade máxima: 130 km/h
Alcance: 298 km (cid) e 165 km (cid/est)
Consumo elétrico: 11 kWh/100 km
Emissão de CO2: 0 g/km