Por que o Corolla Cross é o passado e o futuro da Toyota
Pela primeira vez desde seu lançamento o Toyota Corolla Cross conseguiu abalar a liderança do Jeep Compass e cresce globalmente
Existem duas certezas no segmento SUV Médio. Uma é que o Jeep Compass terminará o ano na liderança de vendas. Outra é que o Toyota Corolla Cross vai aproveitar qualquer descuido do rival. Aconteceu em junho, quando o Corolla Cross assumiu a liderança de vendas da categoria pela primeira vez.
Já fizemos várias avaliações do SUV médio da Toyota, tanto do Corolla Cross 2.0 Flex quanto do Corolla Cross 1.8 Hybrid. As virtudes e os pontos fracos deste carro já são bem conhecidos, mas agora o Toyota Corolla Cross se encontra num momento decisivo.
No Brasil e no mundo o Corolla Cross representa não apenas um presente robusto, mas também o passado e o futuro da Toyota.
Presente: o Corolla Cross já é o 8º carro mais vendido no mundo, posição que o Jeep Compass está longe de almejar. Em 2022, a Toyota vendeu mais de 530 mil unidades do Corolla Cross.
Futuro: no mundo dos carros cada vez mais eletrificados, o Toyota Corolla Cross é um dos pioneiros da tecnologia híbrida flex. O sistema de bateria que se autocarrega sem necessidade de plugar na tomada é considerado o mais prático e tem conquistado muitos clientes.
Mas há rivais chegando e de imediato o mais forte parece ser o Haval H6, da chinesa GWM, que tem um produto interessante e preços competitivos. Sem contar que a ideia do carro híbrido flex espalhou e dentro de uns três anos essa tecnologia deverá estar sendo usada em carros da Stellantis (Jeep Compass), da Volkswagen (Taos) e da Caoa Chery (Tiggo 7).
Passado: o motor a combustão do Corolla Cross é o único da categoria que não utiliza turbocompressor. Trata-se do 2.0 aspirado flex que equipa as versões XR (R$ 160.690), XRE (R$ 175.290) e GR-Sport (R$ 193.990). Apesar de sua grande potência (177 cv), este motor representa uma tecnologia que já ficou para trás.
Foi com o Toyota Corolla Cross XRE que rodamos durante uma semana. Nesta mais recente experiência de convívio com o SUV japonês, os tempos presente, passado e futuro saltaram à vista.
O que nós gostamos
O Toyota Corolla Cross é um SUV robusto, porém mais baixo do que o Jeep Compass. O vão livre é de apenas 16,1 cm. Por ser mais estradeiro e menos off-road, o Toyota é mais amigável na utilização e consegue equilibrar bem o compromisso da posição de dirigir elevada com a de um carro familiar bem equilibrado dinamicamente. Daí o seu sucesso comercial no Brasil e no mundo.
Acelerar um carro de 177 cv e 210 Nm é sempre prazeroso. Como o Corolla Cross 2.0 tem 54 cavalos a mais do que o Corolla Cross Hybrid, ainda é muito grande o número de consumidores que preferem as versões com motor a combustão interna (74%).
Visualmente, o Corolla Cross é bastante impactante. Embora não seja muito fotogênico, é um carro bonito quando visto pessoalmente. A enorme grade dianteira combina bem com o estilo SUV e o diferencia totalmente do Corolla sedã.
Em pisos irregulares, o Corolla Cross se comportou bem. As suspensões estão bem ajustadas para o conforto ao rodar. O ângulo de ataque é de 21º, o de saída é de 36º e o de rampa é de 10°.
A versão XRE 2.0 permite trocas manuais pela borboleta. Além disso, a posição de dirigir é muito boa e o painel de instrumentos bastante completo e funcional, com boas informações no computador de bordo. Os pneus 225/50 R18 foram uma ótima escolha para o Corolla Cross, pois ajudam no conforto sem prejudicar a estabilidade.
A sensação de segurança e confiança a bordo é muito grande. É difícil ver um Toyota Corolla Cross quebrado. A versão XRE tem seis airbags, controles de tração e estabilidade, vários itens de segurança do pacote Adas (como frenagem automática de emergência) e banco traseiro reclinável.
O que pode melhorar
O motor 2.0 entrega muita potência, mas cobra em consumo, por isso faz falta um turbocompressor, que o deixaria mais eficiente. É verdade que o complexo câmbio automático de 10 marchas, que tem a primeira por engrenagem e as demais por polias, como um CVT, ajuda a reduzir o consumo, mas tira prazer ao dirigir.
O carro é nota C no Inmetro (A na categoria). Com gasolina, faz 11,7 km/l na cidade e 13,0 na estrada. Com etanol, faz 8,2 km/l na cidade e 9,0 na estrada. Por isso as versões Cross Hybrid representam melhor o presente e o futuro.
O acabamento não tem o mesmo requinte que se vê no Toyota Corolla sedã. O freio de estacionamento a pedal é tosco e a suspensão traseira por eixo de torção também depõe contra o Corolla Cross numa categoria na qual os rivais têm suspensão totalmente independente.
A multimídia também é outro ponto que pode melhorar e deixa o Toyota Corolla Cross um nível abaixo dos rivais da categoria. Ok, ele permite conexão Android Auto e Apple CarPlay sem fio, mas o visual é ultrapassado, os botões não são práticos e a interface provoca titubeios no usuário.
Conclusão
Segundo a Bright Consulting, a grande maioria dos compradores do Toyota Corolla Cross ainda prefere as versões com motor a combustão. De janeiro a maio, o mix de vendas levantado pela Bright aponta 65,9% para a versão XRE, 7,3% para a GR-S e 0,9% para a XR, totalizando 74,1%.
As versões Hybrid somam apenas 24%, sendo 22% para a XRX e 4% para a XRV. Mas isso é porque a potência combinada da motorização híbrida ainda é considerada baixa. O futuro do Corolla Cross, entretanto, é híbrido, seguramente com um sistema mais potente e ainda mais econômico.
Enquanto esse futuro não chega, o Corolla Cross XRE 2.0, que avaliamos, vai segurando as pontas no presente com muita qualidade. Resta saber quando ele ficará no passado.
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