Renault Captur tem morte lenta e apenas 12 unidades vendidas
Celebrado como SUV mais bonito na América Latina em seu lançamento, Renault Captur agoniza nas concessionárias
O Renault Captur, ao contrário do imperador Júlio César na Roma Antiga, veio, viu e perdeu. O SUV produzido em São José dos Pinhais, PR, agoniza nas concessionárias com apenas 12 unidades vendidas em abril.
É uma morte lenta e sem deixar saudades para um SUV que chegou celebrado como o design mais bonito da América Latina e tendo a beldade Marina Ruy Barbosa seduzindo clientes como sereia, num sofisticado filme publicitário. Nada disso adiantou.
O Renault Captur morre lentamente, com 31 vendas em janeiro, 27 em fevereiro, 42 em março e apenas 12 em abril por consequência da Guerra da Ucrânia, mas não só por isso. É errado dizer que este foi o único motivo de seu desaparecimento do mercado brasileiro. O Captur brasileiro é totalmente baseado no Renault Kaptur russo; com a guerra, ficou sem pai nem mãe.
Pior: o Captur brasileiro nem sequer é francês. Como escrevemos em várias reportagens desde o início de sua produção, em 2017, o Captur é um produto brasileiro com alma romena e soluções russas. Ele foi construído sobre a plataforma do Renault Duster, que é originalmente um Dacia Duster, que nasceu para ser robusto, durão.
Mesmo sem um design encantador e uma beldade como garota-propaganda, o Duster segue firme na estrada, enquanto não chega o inédito SUV que a Renault lançará em 2024. O Duster teve 2.031 vendas em janeiro, 2.152 em fevereiro, 1.495 em março e soma 818 em abril.
A Renault bem que tentou melhorar o Captur, e conseguiu, equipando seu bonito SUV com o motor 1.3 turbo de 170 cv desenvolvido junto com a Mercedes. O carro ficou bom. O motor 1.3 turbo acoplado ao câmbio CVT de 7 marchas ficou mais bem dimensionado no Renault Captur do que o Jeep Compass de 185 cv com apenas 6 marchas.
Mas nem assim o Captur bombou. Talvez o público não quisesse um Duster com a bonita cara do Captur. Talvez a estratégia correta fosse mesmo ter feito um Captur como o original, francês, 100% Renault, que é menor do que o modelo brasileiro, mas é um crossover mais moderno, mais próximo do espírito de um Volkswagen T-Cross, para citar apenas um concorrente com alma européia.
Verdade seja dita, a Renault usou o design vistoso do Kaptur russo e o charme da modelo Marina Ruy Barbosa para dar ao Captur brasileiro uma personalidade que nunca combinou com ele: de carro sofisticado, aspiracional. Foi uma tentativa. Não deu certo. E agora o Renault Captur agoniza, morrendo lentamente no Brasil, sem ao menos uma despedida.