"Jumbo": Audi S8 vem por encomenda e "voa" como esportivo
Ainda fora da tabela oficial de vendas da Audi no Brasil, o S8 é vendido apenas por meio de encomendas, com preço estimado de R$ 650 mil. Testado nas estradas ao redor de Munique, na Alemanha, o topo da linha de superluxo da marca mostrou que é um “jumbo” – apelido do Boeing 747, um dos maiores aviões usados para o transporte no mundo – dotado apenas de primeira classe, mas que se compara a um jatinho em relação a desempenho.
Com 5,15 metros de comprimento, o Audi S8 se aproxima de um Rolls-Royce Ghost (5,39 m) e ocupa o espaço de quase dois Smart Fortwo (2,69 m). Por fora, é possível se assustar com o tamanho, e fazer de tudo para evitar espaços apertados. Mas o temor passou rápido, já que o teste começou exatamente em uma garagem vertical no centro de Munique.
Ao entrar, destacam-se os detalhes de acabamento e conforto. Revestidos em couro, os bancos possuem ajustes elétricos e memória, podem ser aquecidos ou ventilados, e têm função de massagem até mesmo para os passageiros de trás. No modelo testado, o painel e as portas tinham detalhes em carbono e alumínio escovado.
Embora ele seja mais característico pelo luxo, o desempenho do S8 é superior a muitos esportivos. O motor V8 TwinTurbo de 4.0 l tem tamanho menor que o oferecido anteriormente – o “gigantão” de 5.0 l V10 -, mas é 15% mais potente. A tecnologia de redução dos tamanhos dos motores da Audi deu ao modelo 520 cavalos de potência, ante 450 cv no antecessor.
De acordo com dados da fabricante, a aceleração de zero a 100 km/h é feita em 4s2, que é possível graças também à tração nas quatro rodas e a uma redução do peso para 1.975 kg, com ampla utilização de alumínio. Esse desempenho deixa para trás, por exemplo, o “irmão” esportivo R8, que chega em 4s6, e é apenas meio segundo mais lento que uma Ferrari FF, ou seja, não subestime o poder desse “jumbo”.
Já fora da cidade, é possível perceber a capacidade do S8 na estrada, no entanto, a esportividade não é sentida pelos passageiros – a palavra aqui é mesmo “conforto”. A aceleração é linear mesmo ao pisar fundo no acelerador, e a velocidade é atingida facilmente, limitada a 250 km/h. Mesmo sobrando no desempenho, o sedã é mais econômico que o antecessor, com consumo médio combinado (estrada e cidade) de 9,9 km/l.
Além da função Start/Stop, o propulsor tem um sistema que desliga quatro dos oito cilindros automaticamente se não houver exigência de potência. Também é possível escolher o modo “Efficiency” no Drive Select, que gerencia motor e transmissão para ampliar a economia de combustível. Além deste, estão disponíveis também os modos Comfort, Auto, Dynamic e Individual, por meio do seletor no console central, que comanda a tela de 10 polegas logo acima.
Na mesma região entre motorista e passageiro é possível controlar o ar-condicionado digital de quatro zonas e o sistema de som, que neste caso era um modelos Bang & Olufsen, com 19 alto-falantes e potência total de 1.400 watts. Ao ligar o carro, dois twiters “emergem” do painel e se escondem ao desligar. O equipamento é um dos poucos opcionais do veículo e custa R$ 45 mil a mais para o comprador – de série ele já conta com um som da marca Bose, de 600 watts e 14 alto-falantes.
No meio do percurso, uma chuva forte provoca o acionamento automático dos limpadores de para-brisa e faróis. Tirando a falta de visibilidade, pouco muda para o motorista do S8. Sob chuva intensa, a tração nas quatro rodas mantém a aderência e a segurança. Se o plano é mesmo esquecer que está dirigindo um carro, basta acionar o controle de cruzeiro adaptativo, que detecta outros veículos à frente e reduz a velocidade, até parando totalmente se for necessário. Assim que a pista é liberada, o carro retoma a velocidade escolhida.
Não é preciso mais se preocupar em acelerar, tão pouco frear – embora a tentação de pisar no pedal quando um carro aparece seja grande. Tudo que o motorista (ainda) é obrigado a fazer se resume a controlar o volante e aproveitar os diferentes tipos de massagem no banco aquecido, enquanto o temporal fica do lado de fora. Passada a turbulência, o voo do “jumbo” termina com um arco-íris no final da tarde.
No Brasil, o S8 encontra poucos rivais, como o Mercedes-Benz SL 63 AMG, que custa cerca de R$ 625 mil, e os mais esportivos Jaguar XJ (R$ 540 mil) e BMW M5 (R$ 530 mil).
O jornalista viajou por convite da Audi.