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Volks joga como Tite; Fiat e Chevrolet, como Argentina e França

O que a Copa do Mundo pode ensinar para a indústria de carros no Brasil; Volkswagen segue o paradigma do Brasil de Tite, sem ousar

19 dez 2022 - 10h43
(atualizado às 21h30)
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Volkswagen joga como o Brasil de Tite
Volkswagen joga como o Brasil de Tite
Foto: VW / Divulgação

A Copa do Mundo Fifa acabou com a Argentina campeã, a França superando suas adversidades e o Brasil vivendo do passado. O que o torneio de futebol pode ensinar para a indústria de carros no Brasil? Muita coisa. Num mundo de mudanças constantes e imprevisíveis, ganha quem não tem medo de errar.

A principal lição que fica é para a Volkswagen, que parece jogar como o Brasil de Tite: avesso a alterar a tática durante o jogo, lento para modificar decisões estratégicas e apegada ao passado de glórias. Não estamos aqui falando de lucratividade ou de qualidade de engenharia, mas sim de posicionamento de modelos e de ocupação de espaços.

Fiat e Chevrolet, ao contrário, jogam como Argentina e França, com elementos das duas seleções. Se for preciso mudar, mudam. Se é para atacar, atacam. Se precisam defender, defendem. Se precisam tirar um  personagem de sucesso para colocar outro em seu lugar, tiram. Vamos aos carros para deixar isso mais bem explicado.

Messi: campeão como a picape Fiat Strada
Messi: campeão como a picape Fiat Strada
Foto: Fifa World Cupe / Twitter

A Fiat tem o seu Messi: é a picape Strada. Há décadas é a referência de seu segmento, mas precisou se reinventar para ser verdadeiramente a estrela que a seleção da Fiat precisava. O jogo agora gira em torno da picape Strada. O Fiat Toro, coadjuvante, é uma espécie de Di Maria. Juntas, as picapes Fiat Strada e Fiat Toro já emplacaram 155 mil unidades este ano.

O Fiat Strada era só uma picapinha, mas em sua nova geração aglutinou clientes de outros segmentos, como hatches e sedãs compactos. Carros inéditos e ousados, como o Pulse e o Fastback, compõem um time que não tem outro objetivo a não ser o título de campeão (a Fiat é disparada a marca mais vendida do Brasil).

A Chevrolet, campeã de marcas antes da Fiat, nem sempre domina o jogo, mas, como a França, explora os erros de seus adversários. Tem uma linha de ataque mortal, como se Onix (hatch), Onix Plus (sedã) e Tracker (SUV) fossem o próprio Mbappé. Quando disparam para o ataque, ninguém segura.

Mbappé: mortal como o trio Onix, Onis Plus e Tracker
Mbappé: mortal como o trio Onix, Onis Plus e Tracker
Foto: Fifa World Cupe / Twitter

Juntos, os Chevrolet Onix, Onix Plus e Tracker venderam 217 mil unidades este ano – é a família de carros de maior sucesso no Brasil. O Chevrolet Onix tem seis títulos seguidos de campeão nacional de vendas (2015 a 2020), assim como Messi tem sete bolas de ouro como melhor jogador do mundo (2009, 2010, 2011, 2012, 2015, 2019 e 2021).

Livre de paradigmas do passado, a Chevrolet se reinventa de tempos em tempos. E possivelmente será dela o lançamento mais estrondoso da próxima temporada: a Nova Montana. Porque a Chevrolet joga como a Argentina jogou após perder para a Arábia  Saudita na estreia: como se cada jogo fosse um mata-mata.

E a Volkswagen? Por que se parece com o Brasil de Tite? Primeiro, porque vive das glórias do passado, quando dominava o mercado de carros, assim como o Brasil foi a referência do melhor futebol do mundo durante décadas.

Mas, como Tite, que perdeu a Copa de 2018 e não mudou, a Volkswagen perde e não muda. Cansou de perder no segmento de picapes pequenas, mas até hoje insiste na mesma plataforma do VW Saveiro. Poderia ter apostado na picape Tarok, que seria o que será o novo Chevrolet Montana 2023, mas preferiu abandonar o projeto.

O velho e amado Gol é como um Daniel Alves, mantido no jogo sem a menor condição de ser competitivo. O Gol ainda dá lucro (toca pandeiro de vez em quando), mas porque vive de vendas diretas. Assim como Tite, a Volkswagen é lenta nas decisões estratégicas. Demorou mais de cinco anos para entrar forte no mercado de SUVs porque preferiu investir no subcompacto Up.

A Volks poderia ter feito um Nivus GTS, pois seu SUV cupê praticamente implora por uma versão esportiva. Não fez. Então a Fiat fez o Pulse Abarth e logo terá um Fastback Abarth.

A grande aposta da Volkswagen em 2023 vai ser a linha Polo. Novo Polo 2023 e Polo Track. Ou seja: vai, de novo, apostar em seu Neymar – um ótimo quadro que nunca ganhou a simpatia e a confiança de toda a torcida. Aliás, por coincidência, o Polo tem uma publicidade futebolística substituindo o Gol.

Tite teria feito exatamente isso. Por que colocar a Nova Saveiro como prioridade se podemos transformar um Polo em dois Polos e continuar atuando como sempre atuamos, no segmento de hatches compactos? Somos os melhores, os outros é que precisam se preocupar com a gente. Ah, e não vamos falar de carros elétricos agora, é muito cedo.

Por óbvio, essas comparações são apenas para exemplificar como a Fiat e a Chevrolet são mais ousadas do que a Volkswagen no mercado brasileiro de carros. Não devem ser levadas ao pé da letra. Se olharmos para o lado técnico, é muito provável que, na média, os carros da Volkswagen sejam superiores aos da Fiat e da Chevrolet.

Mas vivemos num mundo líquido (Bauman), em ambiente de mudanças constantes e repleto de incertezas. Para ganhar este jogo, não basta ter os melhores carros ou os melhores jogadores. É preciso ser ousado para alterar a tática, estar aberto a uma mudança de estratégia, jogar seu paradigma no lixo e adotar outro.

Fiat e Chevrolet fazem isso melhor do que a Volkswagen. Assim como a Argentina de Messi, Di Maria, Martínez e Scaloni e a França de Mbappé, Giroud, Griezmann e Deschamps fizeram melhor do que o Brasil de Tite, Neymar, Daniel Alves e Alisson.

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