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"O Patriota" traz ação, pancadaria e Mel Gibson como o público gosta



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Hollywood gosta de transformar os lançamentos do verão americano numa guerra de bilheterias. Este ano a expectativa era de um duelo entre George Clooney e Mel Gibson, um com Mar em Fúria e o outro com O Patriota. Pela lógica das bilheterias, Clooney levou a melhor. Está em primeiro, enquanto Gibson caiu para terceiro lugar. Na verdade, a guerra dos astros foi travada entre dois diretores teutônicos - Wolfgang Peterson, que assina Mar em Fúria, e Roland Emmerich, de O Patriota. A nova patriotada de Emmerich não deu muito certo nos EUA. No Brasil, talvez tenha melhor sorte - não só em razão da mentalidade colonizada do público que o filme exige, mas também porque Gibson, no País, tem mais apelo de bilheteria do que Clooney.

Houve três sessões de pré-estréia de O Patriota, em São Paulo, esta semana. Em todas, o público reagiu do mesmo jeito no fim de cada sessão - aplaudindo. Na terça-feira, houve aplausos até durante a projeção. Quem viu o trailer sabe do que se trata - até onde você iria se violassem seus direitos, Envie esta página para um amigodestruíssem seus bens e aniquilassem sua família? Quem conhece Mel Máquina Mortífera Gibson sabe que não é homem de levar desaforo para casa. Costuma dar o troco - um de seus filmes preferidos pelo público brasileiro.

O Patriota passa-se durante a guerra da independência dos EUA. Com roteiro de Robert Rodat, vencedor do Oscar por O Resgate do Soldado Ryan, O Patriota, narra o nascimento de uma nação com som, fúria, tiros e pancadaria como o público de Mel Gibson gosta. Quando começa, Gibson, em nome da unidade de sua família, coloca-se contra o alistamento de voluntários para combater os colonizadores ingleses. Ele perde um filho, a casa. Pega em armas e vai combater o inimigo. Torna-se um dos líderes da guerra de guerrilhas que os americanos movem contra os colonizadores. A guerra, é claro, é encenada segundo a lógica de Hollywood - muita gente nas cenas de combates e puro maniqueísmo na concepção dos personagens.

Há um comandante inglês que tenta levar a guerra dentro de certos limites de cavalheirismo - até porque reconhece que, cessadas as hostilidades, a Inglaterra terá interesse em reatar as relações comerciais com os colonos - e um subcomandante "do mal". É o vilão da história, o inimigo do mocinho interpretado por Gibson. É desleal, autoritário, sádico e cruel. O espectador mal pode esperar pelo momento em que o herói vai aplicar-lhe seu corretivo, o que, nesses casos, é mesmo matar o cabra da peste.

Desde que aderiu ao cinema americano, o diretor de Mar em Fúria, Wolfgang Peterson, tem realizado filmes de ação seguindo os moldes do cinemão de Hollywood. Roland Emmerich não se contenta só com isso. O diretor de Independence Day faz questão de ser mais americano que os próprios. Deve ter nascido por engano na Europa, mais exatamente, na Alemanha. Independence Day, que algumas pessoas consideram tolerável por seus clichês recolhidos nas aventuras de ficção científica da época da guerra fria, é intolerável como expressão do novo imperialismo americano.

No mundo que se redesenhou após a derrocada do comunismo os EUA não são só a potência hegemônica. Para Emmerich são a última esperança da Terra e, por isso, no filme, quando surgem os alienígenas hostis, a reação dos terráqueos é liderada pelo presidente dos Estados Unidos numa data que não poderia ser mais simbólica - o 4 de Julho, que passa a representar não só a independência americana, mas a redenção de toda a humanidade. O Patriota coloca mais uma pedra no alicerce do edifício que Emmerich quer construir com seu cinema.

É preciso ver com que amor ele recria as cenas dos combatentes maltrapilhos que venceram os ingleses e criaram os fundamentos da grande nação do norte. O filme é todo feito de vinhetas para exaltar o tema patriótico. Algumas das mais sugestivas envolvem o personagem do negro escravo que começa lutando pela alforria e, depois, vai para o combate final por dedicação à causa. A principal metáfora do filme é a bandeira que o filho de Gibson recolhe no campo de batalha. O garoto, que desafia a autoridade paterna para combater os ingleses, é interpretado pelo ator australiano Heath Ledger, um protegido do astro Gibson que está sendo considerado o bonitão da vez em Hollywood. Devem estar loucos os que assim o consideram.

Mas, enfim, a bandeira. É recolhida do chão em andrajos. À medida que evolui o combate aos colonizadores - e ao vilão -, Heath é visto costurando o pavilhão da pátria (é assim que se diz, não?). No fim, depois que a tragédia se abateu sobre sua família, a bandeira é desfraldada por Gibson, que parte para a batalha decisiva. Como em Independence Day, trata-se de uma coletânea de clichês. Tratados com ironia, poderiam divertir, mas Emmerich, como naquele filme, leva sua patriotada a sério (e longe) demais. O próprio público americano não se dispôs muito a embarcar na aventura. O Patriota é cinematograficamente medíocre e ideologicamente discutível, para não dizer repulsivo, como expressão de um colonialismo cultural que tenta dominar os corações e mentes dos espectadores de todo o mundo.
(Luiz Carlos Merten/ Jornal da Tarde)




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O PATRIOTA

Título Original: The Patriot
País de Origem:
EUA
Ano: 2000
Duração: 164 minutos
Diretor: Roland Emmerich
Elenco: Mel Gibson, Heath Ledger, Joely Richardson, Jason Isaacs, Chris Cooper, Tchéky Karyo, Rene Auberjonois, Lisa Brenner










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