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Astérix
e Obélix chega aos cinemas depois de ser massacrado pela crítica
francesa
Astérix & Obélix
contra César finalmente chega aos cinemas do Brasil,
numa adaptação para a tela das histórias em quadrinhos de Uderzo e Goscinny.
Os personagens são universalmente conhecidos e os álbuns venderam bem
em um grande número de países. Já na França a conversa é outra. Astérix,
o personagem, virou motivo de orgulho nacional. Símbolo de resistência
a um modelo cultural imposto por outro país.
A
história de Astérix é esta. Quando o invasor romano tomou toda a Gália,
e exigiu a deposição de armas do próprio Vercingentórix, o herói gaulês,
encontrou oposição em uma pequena aldeia. Justamente aquela que luta contra
os centuriões com energia anabolizada por uma misteriosa poção mágica.
Essa trama, e suas variações, vendeu nada menos que 280 milhões de revistas
em 77 países e 57 idiomas diferentes. Rendeu sete desenhos animados, e
o filme de Claude Zidi, na França, atraiu 9 milhões de espectadores. Foi
massacrado pela crítica, o que revoltou parte da classe cinematográfica.
Bem,
num país em que o livre debate é instituição nacional não haveria motivos
para qualquer revolta, porque, como cinema, no duro, "Astérix & Obélix"
é realmente fraco. Trama ralinha, indigna de uma poção mágica temperada
por um druida de respeito. A história é a seguinte: vendo que o coletor
de impostos não consegue voltar com a grana dos valentes aldeões, César
em pessoa vai verificar o que está acontecendo. O elenco é de primeira.
Obélix é vivido por Gérard Depardieu; seu colega Astérix, por Christian
Clavier. Roberto Benigni é o ambicioso Lucio Detritus, que deseja puxar
o tapete de César. E a divina Laetitia Casta, símbolo da mulher francesa
e que acaba de se mudar para a Inglaterra para fugir aos impostos, é Falbella,
que enlouquece Obélix.
Ok,
como sabem os leitores da série, nenhuma das histórias tem enredo complicado.
Uderzo e Goscinny tinham o encanto da simplicidade no texto e no desenho.
Achavam a graça aproximando o mundo da Gália ao contemporâneo com muito
senso de humor. Essa sutileza é o que se perde na tradução de uma linguagem
para outra. A produção francesa entendeu que tinha um produto maravilhoso
nas mãos - o que correspondia à verdade. Por isso, caprichou no orçamento
e utilizou o dinheiro, em parte no elenco all star, em parte nos efeitos
especiais - feitos para rivalizar com o "invasor romano"
contemporâneo, a indústria de Hollywood, sempre a ponto de sufocar o cinema
francês, e em sua casa.
Tudo foi muito bem-feito, mas prestou-se atenção demais a esses efeitos
de superfície e se esqueceu que um bom filme desse gênero começa por um
roteiro imaginativo. Esse ponto fraco de "Astérix & Obélix" compromete
todo o resto. E não há poção mágica que o salve.(Agência
Estado)
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