Stanley Tucci ressuscita pastelão em Os Impostores
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Ainda se fazem comédias
como antigamente. Ao menos, é esse o gostinho nostálgico
de Os Impostores, escrito,
dirigido e interpretado por Stanley Tucci, um
talento cômico que seduz a espectador com o mais ingênuo pastelão,
em uma deliciosa homenagem às comédias dos anos 20, 30 e
40. As únicas referências modernas são os atores e
a filmagem em cores, já que os fantasmas de Chaplin, irmãos
Marx, O Gordo e o Magro e Buster Keaton parecem assombrar o filme.
 Stanley Tucci e Oliver Platt vivem uma dupla de atores enrascados em um transatlântico |
A primeira cena é
um tributo às farsas do cinema mudo dos anos 20, quando os atores
desempregados Maurice (Tucci) e Arthur (Oliver Platt, de Pequeno
Milagre) simulam uma briga mortal em um café para chamar
a atenção e, quem sabe, ganhar algum trocado. Tentando
sem nenhum sucesso viver do ofício aplicando pequenos golpes,
a dupla acaba atraindo encrencas ao insultar em um bar um famoso e canastrão
ator de teatro, Jeremy Burtom (o ótimo Alfred Molina), que coloca
a polícia no encalço dos atores.
A fuga os leva a bordo de um transatlântico com destino a Paris,
que infelizmente carrega o furioso ator a bordo, além de uma galeria
de tipos hilariantes. Perseguidos por metade do
navio, sob as ordens de Meistrich (Campbell Scott), um comandante
fascista apaixonado pela doce Lily (Lili Taylor), os atores descobrem
os planos de assassinato de um casal de vigaristas caça-dotes e
a existência de um fanático e caricato camarada russo, prestes
a vingar a pátria-mãe explodindo o navio e toda sua repulsiva
fauna pequeno-burguesa. Travestindo-se de garçons, médicos
e um hilário casal em férias, os
impostores logo se tornam os heróis do cruzeiro.
O elenco de apoio é um deleite para os olhos. Além de uma
ponta de Woody Allen como um decadente diretor teatral, Steve Buscemi
é um comediante deprimido por uma desilusão amorosa, Isabella
Rosselini vive uma gemente rainha russa, destronada e enigmática,
Hope Davis empalidece para viver uma garota mórbida e apagada,
e Bill Connoly (Sua Majestade, Mrs. Brown) é um divertido
tenista gay em plena forma.
(Cássia Borsero)
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