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Como ter 15 minutos de fama na pele de John Malkovich
Quem nunca se imaginou no corpo ou mente de outra pessoa? Imagine se você tivesse uma oportunidade como essa e, de quebra, sua nova personalidade pertencesse a ninguém menos que o ator John Malkovich.
Essa é a premissa de Being John Malkovich. Dirigido por Spike Jonze - diretor estreante conhecido por assinar ótimos videoclipes de bandas como Sonic Youth, R.E.M. e Fat Boy Slim - esta produção aborda a crise de identidade através de um enredo mirabolante.
Divertido e estranho, o roteiro de Charlie Kaufman - que também estréia no cinema - mistura sexos, idades, um macaco, um papagaio, um iguana e bonecos de madeira. Talvez, este seja um dos roteiros americanos mais transgressivos da história do cinema.
O filme é pura diversão e provocação. Desde o início paira a fantasia. Com situações impensáveis, ou melhor, impossíveis de realmente existirem, a produção coloca o público em uma realidade completamente eloqüente, cheia de digressões sobre a realidade.
Tudo começa quando o fracassado manipulador de marionetes Craig Schwartz arruma emprego no andar 7 e meio de um edifício. O andar é baixo, e pessoas normais têm que andar com a cabeça abaixada. Craig vive com suas pastas e arquivos até que descobre um túnel atrás de uma portinha que o leva a um corredor lamaçento.
É neste momento que ele é sugado e cai dentro da cabeça de John Malkovich, seguindo-o por toda a parte.
No entanto, ele descobre que pode ficar lá por apenas 15 minutos. Depois é expulso e jogado à beira de uma autopista. Extasiado, conta tudo à mulher,
Lotte - papel de Cameron Diaz, irreconhecível e completamente transformada em bruxa -, uma incansável funcionária de uma loja de animais. A partir daí, a história traçada por Kaufman leva o espectador a um jogo alucinante de situações nas quais reside o questionamento básico de como alguém pode se projetar no outro, perdendo, inclusive, a identidade para conquistar o obscuro objeto do desejo.
Cameron Diaz - completamente irreconhecível |
John Cusack está perfeito na maneira como conduz sua paixão pela colega de trabalho Maxime (Catherine Keener, concorrendo ao Oscar de melhor atriz coadjuvante), uma mulher ambiciosa que debocha dos sentimentos alheios até ser flagrada em tensão homossexual, quando enxerga nos olhos de Malkovich a atração feminina no momento em que Lotte está na sua mente.
A confusão é tão intensa que num momento todos passam a participar da brincadeira, invadindo a mente de John Malkovich. Lotte e Maxine caem no mesmo buraco mágico e adoram. Tudo isso acaba gerando um bom negócio, e começam a cobrar entrada para que todos entrem na cabeça do fabuloso ator. A demanda é tão grande que forma-se uma fila na entrada do túnel.
O resumo parece confuso, mas o filme é realmente engraçado e deve ser visto. Por Quero Ser John Malkovich, a dupla Jonze e Kaufman concorre aos prêmios de melhor direção e roteiro da Academia americana.
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